Política é definida pelo meu dicionário
como a “ciência dos fenômenos referentes ao Estado”. Ciência? Fenômenos? Houve
muitas outras definições, umas melhores, outras piores, mas a que eu mais
gostei foi a “habilidade no trato das relações humanas, com vista á obtenção
dos resultados desejados”. Gostei. Lembra-me Maquiavel.
O desenvolvimento da política como um
princípio doutrinário coeso e dinâmico parece ter começado na Antiguidade, com
o povo romano. E não precisamos ser muito sagazes para imaginarmos que desde
aquela época ela foi usada por politicalhões (achei esta pérola quando
consultei o dicionário para ver a etimologia de “política”) para se favorecerem
mesquinhamente.
Quem conhece meus ensaios anteriores já
sabe que a minha linha de raciocínio - apesar de ser muito fortemente
influenciada por Nietzche (não sou nazi) e demais anarquistas iconoclastas –
segue a escola filosófica socratiana, ou seja, faremos uma pequena autópsia em
essa doutrina através de simples, sucintas indagações.
Primeiro de
tudo: Por
que os políticos são vistos de forma quase genérica como mentirosos e
corruptos? Resposta: porque a quantidade de políticos pegos em delito flagrante
é mais do que suficiente para evidenciar uma pandemia.
E por que existem tantas pessoas
mal-intencionadas no meio político?
Primeira resposta: porque eles trabalham
com um fluxo enorme de dinheiro.
E a segunda
resposta (mais polêmica e menos óbvia):
Porque a política é considerada uma profissão
remunerada, e não apenas uma prestação de serviço altruísta sem fins lucrativos.
Á partir do momento em que cargos que
dependem de uma integridade de caráter inflexível for exercida visando-se lucro
financeiro, obviamente teremos problemas em obter resultados.
"Para se corromper uma pessoa, basta
dar a ela o poder".
Ou deixá-la sozinha na frente de sacos de
dinheiro do “cofre-público”.
Uma vez eu estava em uma empresa de
comunicação visual e sem querer ouvi a conversa de um vereador local que
precisava adesivar uma frota de carros para sua propaganda política. Ele
perguntou sem o menor rodeio se o profissional poderia fazer “uma notinha a
mais”. Veja só. Se em sua própria campanha este politicanalha (esta palavra foi
eu mesmo que acabei de inventar) já estava querendo roubar, imaginem o que ele
deve estar fazendo depois de ser eleito por vocês (não adianta me perguntar
quem é, que eu não vou dizer, nem em particular).
Quando uma cidade faz um evento cultural
em que necessite contratar artistas, geralmente – e bizarramente – em vez de
prestigiarem os artistas locais (permitindo a sua subsistência) contrata-se
artistas de lugares longínquos para a melhor viabilização desse “caixa dois”,
ou seja, para a prefeitura foram gastos R$20.000 para contratar uma banda baile
de fora, mas os músicos na verdade cobraram apenas R$15.000. Adivinhem para o
bolso de quem foi R$5.000...
Em um documentário (muito bom, por sinal)
de Michael Moore (“Capitalism, A Love Story”) em um determinado momento de um dos
extras do DVD vemos uma entrevista muito interessante com um congressista
norte-americano negro (Elijah Cummings, dos democratas). Nela ficamos sabendo
que a folha de pagamento de um tal “Mr.Liddy” é um cheque de UM DÓLAR. Aparentemente para ele a
política é uma função exercida apenas para contribuir com sua parte no
desenvolvimento de sua própria sociedade, onde ele – junto com sua família – é
apenas mais um membro.
Seus serviços são gratuitos, porque são
filantrópicos;
são feitos por amor, e não por dinheiro.
Pelo menos um que presta apareceu.
*
Um comentário:
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