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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Entrevista com Herácides Gimenez, 25 de Abril de 2009





Conta pra nós, Saides... Na verdade, o quê que aconteceu com aquele seu conto “Habitantes do Planeta...”?

(Saides fica visivelmente embaraçado com a pergunta e olha para o chão, rindo nervosamente)

Ah, eu não sei... Eu acho que as pessoas levaram a sério demais aquelas coisas... Tipo, na verdade, a única coisa que eu fiz foi fazer uma história fantástica baseada em fatos “verídicos”... Juntei todos os fragmentos de todas aquelas coisas estranhas (“Nova Ordem”, “Império Galáctico”, “Maçonaria e Hermetismo”, etc etc), e fiz uma miscelânea total... Bati tudo isso no liquidificador, e – ironicamente – a junção de todos esses elementos “reais” em uma coisa só acabou se transformando na história mais estapafúrdia que eu jamais havia criado! (risos) Até hoje eu ainda acredito que vai ser difícil eu escrever algo tão... Sei lá... Incrível, absurdo, como aquilo.



E a reação das pessoas?

(Saides faz uma careta)

Teve muita gente que me mandou uns e-mails super-mal-educados, dizendo que eu “sempre havia sido louco, mas que aquilo era demais!”...(risos) Uma vez uma criança na rua apontou pra mim e disse : “mãe, faz ele ficar verde!” (risos) Sei lá... (volta a ficar sério, subitamente) no começo foi divertido, mas depois tudo isso começou a ficar meio perigoso...



Perigoso? Perigoso, como?

(Saides fica sério e começa a falar mais baixo, aproximando-se do repórter)

Começaram a aparecer uns caras rondando a minha casa... (diz em tom de cumplicidade) Uns caras de ternos pretos... óculos escuros... Toda a vez que eu levantava de madrugada com algum barulho esquisito, eu olhava pra fora e via eles lá. Aí, quando eles percebiam que eu estava olhando, eles iam embora.



Quem são esses “caras”?

(Saides fica pensativo por alguns instantes)

Não sei... Acho que talvez sejam uns caras comunistas... (olha para o repórter como se esperando uma aprovação dele)



Comunistas?

É...



Você está falando sério?

(agora é o repórter que faz uma expressão estranha)

Claro que não! É brincadeira!...(Saides volta a se animar novamente, como se tudo tivesse sido apenas uma encenação.)



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