Deus. Quem viu Deus? Maomé? Arjuna? João Batista? Sidarta Gauthama? O que é “Deus”?
Deus. [ Do lat. deus.] S. m. 1. Princípio supremo considerado pelas religiões como superior á natureza. 2. Filos. Princípio supremo de explicação da existência, da ordem e da razão universais, e garantia dos valores morais.
O homem – como todos os outros seres viventes - sempre será – e sentir-se-á como – um animal gerado por algum outro. Um descendente. Todos os seres, sem exceção, tiveram um “pai”, uma progênie. E o homem, como animal racional que é, inevitavelmente indagará onde tudo realmente começou. Se formos acompanhando ao raciocínio lógico e nos estendermos até a origem de tudo, chegamos á pergunta final: quem – final e definitivamente – é o criador desse “tudo”? E então o homem criou a palavra deus.
Fiat Lux
O homem precisa de Deus. Precisa de Deus para dar um significado para as coisas – aparentemente – sem significado algum. O homem precisa de Deus para que o universo tenha sentido, e não seja apenas um caos orgânico “complexamente simples” desprovido de uma moral. O homem precisa de Deus para sentir-se seguro, sabendo que, no final de tudo, todo o universo está sob o controle titânico de uma força justa, benéfica e invencível, e que nada será perdido... nada será em vão. E o homem precisa de Deus, acima de todos os fatores supracitados, para continuar a viver; Mesmo sabendo da inevitabilidade da morte.
Sem Deus o homem inevitavelmente veria todo o universo – inclusive a si mesmo - como imparcial, neutro, em termos morais. E sem a luta entre o bem e mal, não existe a virtude.
virtude. [ Do lat. virtute. ] S. f. 1. Disposição firme e constante para a prática do bem.
[ Opõe-se a vício (2) ]
Sem Deus, não há como saber se a batalha pela “justiça” e pelo “caminho correto” da evolução (aparentemente empreendida pelo menos por uma minoria dos seres humanos) será vitoriosa, visto que Deus é – pelo menos em teoria – “onipotente”. Sem Ele, os “mocinhos” já não podem estar tão certos de terem seus esforços justamente recompensados, ou até mesmo de terminarem vitoriosos, no final de tudo. E, finalmente, sem Deus o homem saberá que depois de sua morte ele simplesmente deixará de existir. Como uma relez árvore ressecada... como um animal atropelado na beira da estrada. Sem Deus as coisas ficariam bem mais complicadas...
Mas o mais estranho de tudo isto, para mim, é pensar que se pararmos para pensar como um ateu e negarmos a existência de Deus, inevitavelmente direcionaremos essa “fé” – ou crença - para outro lugar: para a mente humana. Ou seja, se para um ateu nada disso existe (Deus, espírito, céu e inferno, etc etc.), pelo menos uma coisa ele não poderá negar: a existência da mente, do milagre do pensamento imaterial, o universo particular de cada ser pensante e fonte de seus desejos, medos e sonhos. Pois bem. Á partir do momento em que vemos, então, a mente humana como – supostamente – a única coisa neste universo sob o controle do homem, o ateu inevitavelmente deverá concordar que tudo o que a humanidade conquistou em toda a sua história deveu-se pura – e simplesmente – á ela. Sua mente. E, se com isso, dizermos também que tudo o que afirmamos existir em termos abstratos (virtude, verdade, justiça, bem e mal) fora criado por ela - inclusive o próprio “Deus”- inevitavelmente afirmaremos a sua existência de qualquer forma. “Crença é poder”. E, então, cria-se o paradoxo que – para mim – torna inconsistente negar a existência d`Ele, pois mesmo se hipoteticamente Deus nunca tivesse realmente existido como uma inteligência absoluta e autoconsciente, e tivesse apenas sido “criado” pelo homem para sentir-se respaldado e reconfortado nessa batalha diária que é a “vida”, o homem – criando-O e acreditando em Ele dia após dia – torna-Lo-ia real e válido – quase – da mesma forma. Deus criou o homem, ou fora o homem que criou Deus? Não importa, eu diria. Agora ele já existe, de qualquer forma.
Sempre acreditei – e penso que sempre acreditarei – que existem coisas que podem (e devem) ser focalizadas e utilizadas da mesma forma, indiferente de sua autenticidade ou não. O maior exemplo disso é a “virtude”. Mesmo se o universo for uma criação espontânea desprovida de valores morais e Deus não existir, a virtude continuará, para mim, como uma das criações humanas mais dignas de menção e relevância. Os princípios morais de quase todas as religiões, por exemplo, focam em um comportamento pacífico e compreensivo para com o próximo. Por mais que nem sempre essa conduta “tolerante e pacífica” seja posta em prática (basta vermos o Oriente Médio e o sionismo), sua teoria é válida e coerente. Da mesma forma, acreditarmos que este nosso universo é regido por uma inteligência benéfica e que o homem (como o ser senciente que é) tem o dever de participar ativamente em seu desenvolvimento evolucionista, é deveras saudável e digno.
Em meus sonhos e esperanças individuais, dentro de minha “alma”, sinto e interajo com esse universo não mais o vendo como “Deus”, e sim sentindo-o apenas como uma eterna correnteza fluídica inexorável e irresistível. Essa correnteza, para mim, segue da esquerda para a direita, e de baixo para cima. Tudo - sem exceção alguma - é levado, arrastado por Ela, visto que Ela “É” tudo. E “TUDO” começou em as trevas, para então essas próprias trevas serem, finalmente, preenchidas pela luz. Pois as trevas são os espaços vazios destinados a serem preenchidos. Todos os seres vivos estão sendo arrastados por essa correnteza. Todos.
Mas por mais que tivermos – e temos – seres que se desviem dessa correnteza e que tentem fluir ao contrário – para a esquerda e para baixo – todo e qualquer esforço empreendido por esse ser “rebelde” minúsculo e solitário não só será penoso, como infrutífero. Por mais que algum ser se desvie – deliberadamente – de essa correnteza absoluta, será apenas questão de tempo para que ele – finalmente – seja vencido, ou pela simples exaustão de “remar” infinitamente ao contrário de Tudo, ou por finalmente sucumbir á uma força muito superior á ele. Nada pode alterar o sentido de Essa correnteza. Nada pode barrá-la. O ser que, rebelando-se, estiver fluindo ao contrário, apenas estará atrasando o seu próprio desfecho inevitável - e único - em direção á “Luz”. Por alguns anos... ou talvez até por algumas centenas de milhares de anos. Quem sabe? Para um universo calculado em “anos-luz”, “milhares de anos” trata-se de uma quantia irrelevante demais para fazer alguma diferença. Quem sabe, para a humanidade faça...
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