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terça-feira, 2 de setembro de 2014

ESTUDO FEITO POR UM REPTILIANO SOBRE OS TERRÁQUEOS


Análise feita por um frio reptiliano sobre os estranhos sentimentos de os humanos






lágrima. [Do lat. lacrimaS. f. 1. Secreção aquosa, levemente alcalina, da glândula lacrimal, que serve para umidificar a conjuntiva. “Chorar lágrimas de sangue”. Verter sentido pranto.





    Existem algumas expressões idiomáticas que são intraduzíveis para outras línguas. Em o inglês, por exemplo, temos a expressão “broken-hearted”, cuja tradução mais próxima para o português seria algo como “com o coração ferido”, sendo o “ferido” em seu sentido simbólico, significando que a pessoa foi emocionalmente “destruída” por algo. E quando o ser humano está “broken-hearted”, ele chora.



Quando o ser humano chora, lágrimas escorrem de seus olhos em um primeiro estágio, e culmina com o que chamamos de “pranto”, ou (simbolicamente) “soluços”, que é quando não apenas saem lágrimas em profusão de seus olhos, mas o ser humano também emite um triste, lamentoso gemido, e subitamente vêem os tais “soluços” em os casos extremos.


    Os cães e os gatos são os animais que mais se identificaram com o ser humano. Foram os únicos animais que optaram deliberadamente em conviver com os humanos em a horrível sujeira de a selva de pedra conhecida como “cidade”. Coincidentemente, são os dois animais que também possuem algo similar ao “choro” humano.



    O “choro” de os cães se caracteriza por um silvo similar ao “falsette” humano, ou seja, um gemido bastante fino, agudo. O choro de os gatos são seus característicos “miados”, mas (ao contrário de os cães) são miados bem mais graves do que o comum, é como se a sua pequenina corda vocal ficasse mais grossa. Vemos esse tipo de “miado lamentoso” principalmente em os filhotes que foram abandonados, que foram perdidos de sua mãe, ou que estão em inanição, ou seja, quando estão sem comer a muito tempo, e então estão sofrendo outra sensação mui característica (e, talvez, a mais cruel de todas) de os seres vivos, conhecida como “fome”.


    Cães e gatos choram por apenas quatro coisas: por sentir dor, fome, frio, ou por se sentirem abandonados. Com o ser humano as coisas são muito mais complexas.


    Quando o ser humano está adulto seu choro já se encontra bastante delimitado, sendo muito mais raros os choros de dor, de fome ou de frio. Quando o ser humano está adulto, ele geralmente chora por sentimentos mais complexos, d`entre eles um dos quais muitas pessoas acreditam que os animais não sentem, que é o “amor”. Diferentemente de os outros animais, o ser humano não chora apenas quando está sofrendo. O ser humano, ás vezes, chora de felicidade.



    Os humanos choram quando encontram uma pessoa amada que eles não vêem há muito tempo. Choram quando conseguem uma vitória mui custosa, quando todos pensavam (até ele mesmo) de que iria perder. Choram quando testemunham algo com o que se identificam, comungam, e esses são choros de “compaixão”, como quando choram no fatídico beijo de um “casamento” (união perpétua de um casal mutuamente apaixonado), ou quando testemunham o nascimento de um “bebê” (filhote humano). E choram quando suas “almas” chegam mais perto de o que eles chamam de “Deus”.


    Os humanos “chegam mais perto de Deus” quando começam a “entender”. São em momentos de transcendência, momentos muito raros e momentâneos de uma percepção espiritual mui elevada. Esses momentos são desencadeados por sinais divinos, que podem vir de a própria natureza, ou até mesmo de outro ser humano, como em algum poema, ou em alguma bela canção.


São em momentos mágicos e poéticos da verdadeira sabedoria quando o ser humano percebe (e entende) que todo o Universo é regido por uma força única que por sua vez parece ser regida (e eu acredito que o seja) pela “compaixão” e pelo “amor”. Então sentem-se confortados e seguros, como um bebê carinhosamente aninhado em o ventre de sua mãe. Sentem que tudo, no final, estará sob controle, até mesmo em meio ao caos da auto-destruição de a humanidade, porque talvez (talvez, apenas talvez) não seja em este plano físico que ele (o ser humano) encontrará sua explicação final para tudo.




Talvez essa estranha “lágrima de amor” seja uma das provas d`esse Deus a quem eles tanto veneram.






(...) Estar perto d`ela, era acaso possível? Ouvi-la respirar; respirava, pois! Então os astros respiram! Gilliatt estremecia. Era o mais miserável, e o mais inebriado e feliz de os homens (...) Tocou-lhe os cabelos com uma espécie de precaução religiosa; fitou os olhos n`ela durante alguns instantes, depositou-lhe em a fronte um de esses beijos debaixo de os quais parece que deveria abrir uma estrêla e, com uma voz que tremia em a suprema angústia e onde se sentia a dilaceração d`a alma, disse-lhe esta palavra, a palavra das profundezas: ‘Adeus.’”

Victor Hugo, “Les Travailleurs de la mer”








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