Muitas pessoas encontram imensas dificuldades para aprender outro idioma. A maioria de meus alunos quase sempre me diziam que não foram capazes de aprender mesmo após concluído o curso em uma escola de idiomas renomada, dessas que passam todos os dias comerciais na televisão. Eles saíram da tal “escola” com o diploma de conclusão (e, ás vezes, com uma média de notas acima da média) e, mesmo assim, ainda inaptos para uma relez conversação comum. Como isto pode ser?
O detalhe fundamental é que devemos aprender cada idioma separadamente de qualquer outro. É justamente aí que nos deparamos com o erro principal dessas ditas “escolas de idiomas” (que, na minha opinião - da mesma forma como acontece com as escolas de música - geralmente possuem uma didática obsoleta e professores medíocres): A maioria das escolas “vicia” seus alunos com traduções.
Basta vermos como uma criança aprende a falar. Todas as palavras que lhe são ensinadas são apenas associadas com o objeto (ou a cena) em questão. Quando mostrarem “aquela esfera brilhante” para ela e perguntarem como se chama aquilo, ela responderá: Lua. Da mesma forma, quando fizerem a mesma pergunta para uma criança inglesa, ela naturalmente responderá que aquilo se chama “moon”. O ponto cabal da correta assimilação de um novo idioma é justamente a total ausência de uma tradução. O estudante de inglês não deve olhar para a tal esfera e dizer “moon que significa lua”. Será apenas moon. Sem tradução.
Deve-se assimilar o outro idioma da mesma forma como foi assimilado o primeiro, ou seja, individualmente, sem nenhuma tradução.
Notável como as escolas de idiomas parecem não ter percebido do quanto as ditas traduções emperram, e até mesmo prejudicam enormemente o aprendizado do aluno. Levando-se em conta de que quanto mais tempo o aluno leva para aprender, tanto mais a escola lucrará, não fica difícil imaginarmos o porquê de tais escolas alargarem tanto os seus cursos e terem uma didática tão pobre. Uma criança comum aprende a falar regularmente com dois anos de idade. Da mesma forma, eu acredito ser perfeitamente possível aprendermos outro idioma no mesmo tempo ou, dependendo da capacidade e/ou esforço do estudante, até mesmo antes.
Memória e Metalingüística:
A base correta do aprendizado
Outro detalhe muito importante é que o aprendizado deve ser específico e sucinto. Com isso, quero dizer que não devemos assimilar assuntos divergentes em um mesmo estudo diário. Separando-se temas por aula, o estudante deve apenas passar para a próxima fase depois da completa absorção/assimilação da anterior. A simples técnica de se aprender apenas UMA palavra por dia será bastante eficiente á longo prazo, e muitas vezes ainda mais do que aprender vinte ou trinta palavras (o que é possível – e até relativamente fácil) porque quando aprendemos uma quantidade muito grande de informações de uma vez elas geralmente ficam apenas armazenadas em nossa memória temporária e são facilmente esquecidas. Outro grande erro cometido pelas escolas.
Da mesma forma como na “metalingüística”, para a correta assimilação dos dados devemos, naturalmente, usarmos de maneira correta o nosso cérebro. Com isso eu quero dizer que devemos usar todas as diferentes “memórias” em conjunto, ou seja, usarmos simultaneamente durante o aprendizado nossa “memória visual”, nossa “memória associativa”, nossa “memória auditiva”, etc etc. Justamente por isso é tão mais fácil aprendermos um novo idioma quando vamos diretamente para outro país. Lá não teremos tempo para traduções pelo simples fato de que será impossível para qualquer um o traduzir-se simultaneamente para outro idioma em seus pensamentos o que uma pessoa lhe estiver falando em tempo real. E, ao mesmo tempo, no dia-a-dia a pessoa assimila de forma muito mais eficaz as novas palavras porque ela vai inconsciente e automaticamente fazendo associações com os acontecimentos do dia, o que favorece de maneira natural, espontânea, o uso de todas as diferentes “memórias” citadas acima.
Seria muito mais fácil lembrar-se de uma conversação onde se conhecera a uma pessoa atraente e interessante, por exemplo, porque a “imagem associativa” será muito maior. Nosso cérebro possui duas memórias principais: a temporária (geralmente usada para algo como o “sair-se de uma cidade desconhecida através de uma informação dada por um pedestre”, por exemplo), e a memória permanente (que é onde, obviamente, ficam armazenadas informações como o nosso próprio nome, onde moramos, etc). Tenha sempre em mente de que seus estudos devem ser inevitavelmente armazenados em sua memória permanente.
O simples fato de lembrar-se disso auxiliará consideravelmente na sua memorização.
Quais idiomas escolher para o aprendizado?
Existem milhares e milhares de idiomas diferentes, e muitos deles se assemelham pela derivação etimológica. Os idiomas ocidentais modernos, por exemplo, vêm do latim. Assim, aprendendo um deles, estamos mais aptos a aprender muito mais facilmente seus similares, sejam eles predecessores ou derivados. Vou dar alguns exemplos. Se uma pessoa deseja aprender a falar o italiano e ela já fala apenas o português, ficará muito mais fácil depois que ela aprender primeiro ao espanhol, que é quase um “intermediário” entre essas duas línguas. Da mesma forma, ficará mais fácil aprender o francês depois de se dominar o italiano e o espanhol. E o alemão e o japonês, por mais estranho que possa parecer essa afirmação, ficam muito mais acessíveis para quem já tiver conhecimentos avançados do inglês.
Se fôssemos estabelecer uma seqüência lógica ficaria assim:
Português – Espanhol – Italiano – Francês
Inglês – Alemão – Japonês – Chinês
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