Escrito por Saides Lamarca
Vibrato de laringe, e o vibrato
abdominal (ou “diafragmático”)
Vibrato são pequenas oscilações (geralmente de meio-tons) em uma
nota qualquer.
Trata-se de uma
técnica muito usada no canto lírico
e popular, onde cada gênero musical tem a sua forma própria quanto à amplitude da
oscilação, e da velocidade do vibrato.
O vibrato dá uma
sonoridade mais harmoniosa para as notas sustentadas,
pois uma nota sustentada prolongadamente sem nenhum efeito vocal pode tornar-se
cansativa para o ouvinte.
O “vibrato de laringe” é produzido pela
correta colocação da laringe, que oscilará somente com a pressão exata de ar
que por ela passar, com a laringe em estado de relaxamento. Somente com o
decorrer da prática o estudante perceberá a intensidade correta para o
desenvolvimento do efeito de tremolo
de voz.
Quando o ar for
bombeado na intensidade correta para as pregas vocais, elas entrarão em
ondulação e o som vibrará naturalmente (da mesma forma como uma bandeira
hasteada ondula rapidamente sob a ação do vento, por ex.). Se o cantor colocar
a voz no lugar certo (na caixa de amplificação/ressonador) e tiver ar sobrando, o vibrato acontecerá naturalmente.
É o conforto da emissão.
No vibrato de diafragma (ou vibrato abdominal) o vibrato dependerá do
correto apoio dos músculos intercostais
para o controle dessa oscilação. Caracteriza-se por um vibrato mais lento e
gradual que o laríngeo. Mas, diferentemente do vibrato laríngeo, o vibrato do
diafragma será totalmente controlado de forma consciente pelo cantor, enquanto
que no vibrato laríngeo a oscilação é espontânea. No vibrato de diafragma o
intérprete pode controlar a velocidade e o “alcance de pitch” dessa oscilação á vontade, o que não ocorre com o
vibrato laríngeo, que será sempre rápido e de meio-tom.
O vibrato simples
consiste na junção de uma nota e um semitom
unificados. Para entendermos melhor, precisaremos aprender a noção de “Pitch”.
Um controle eficaz de
PITCH significa que o músico tem o
domínio da freqüência exata de cada nota musical. Pitch significa “grau”, ou
seja, cada nota tem a sua freqüência, e para irmos para a nota anterior ou
posterior iremos ter que variar seu grau vibratório (medido em Hz).
Para exemplificar
melhor, usemos as teclas do piano como referência: as notas principais (la, si, do, re, mi, fa, sol – ou, respectivamente, A, B,
C, D, E, F) são as teclas brancas, e os
semi-tons (sustenidos e bemóis) são as teclas pretas. Se você
estiver cantando uma nota um semitom mais agudo, você estará cantando o SHARP da nota (ex. de notação: C#, F# e
G#); se você estiver cantando uma nota um semitom mais grave, então você estará
cantando o FLAT da nota (ex. de
notação: Eb e Bb).
Relembrando que o vibrato
simples é constituído
por uma nota e seu
semitom SHARP (#).
Atenção: Não poderá
haver tensão na região da garganta (ela deve sempre estar relaxada) e não é
necessário vibrar a boca, e nem os lábios.
No canto lírico moderno existem vários tipos de vibrato
mais complexos que funcionam com o mesmo mecanismo básico, porém são feitos com
dois semitons e uma nota (ex.: Bb, C e C#), e/ou são ressonados fortemente na região torácica frontal (o que dá um
aspecto mais “fechado”), e/ou são obtidos através de uma vibração labial
coordenada (o que permitirá fazer melismas
com muitas notas e em grande velocidade, uma das mais complexas - e difíceis -
técnicas vocais, somente dominada por cantores virtuose muito experientes e
disciplinados).
Melismas
Melisma (do grego mélisma,
que significa “melodia”) trata-se de uma espécie de vocalização ornamental de número indeterminado de notas musicais.
Na técnica medieval
de composição de organas do cantochão (canto litúrgico católico,
essencialmente monódico, mais conhecido como “gregoriano”), melisma passou a
significar um fragmento melódico, ou grupo de notas de valores breves usados
para enriquecer a melodia.
Em outras palavras: a
voz emitida é trabalhada em pequenos fragmentos, gerando assim vários movimentos
livres com notas curtas, tecendo uma espécie de bordadura (ornamento). Provavelmente esta técnica teve origem nas improvisações feitas pelos próprios
cantores.
Alguns cantores
profissionais podem conseguir realizar melismas de10 notas em apenas 2
segundos!
Assim sendo, é necessário conhecer as escalas básicas (principalmente a maior/jônio e a menor/eólio) para que se possa realizar o melisma com a precisão necessária.
Assim sendo, é necessário conhecer as escalas básicas (principalmente a maior/jônio e a menor/eólio) para que se possa realizar o melisma com a precisão necessária.
Ressalto, porém que, antes de tudo, é fundamental conhecer muito bem a melodia original da música (sem qualquer improviso inicialmente) e somente depois começar a implementar alguns melismas improvisados pelo próprio intérprete, fazendo-se uso da linha melódica principal como referência.
Outro detalhe
importante: Muito cuidado com os exageros. Muitos intérpretes incorrem ao erro
do uso excessivo de técnicas vocais.
Lembre-se sempre de
que “MENOS é MAIS”.
O melisma da Black music originou-se da fusão
cultural entre mouros e africanos.
Dessa fusão das únicas
5 notas que a civilização negra utilizava (a famosa escala pentatônica, muito utilizada no blues) surgiu o “Iodol”, que é o melisma com tempo dobrado, e que é
feito tanto em escalas descendentes, quanto em ascendentes (que, ao meu ver,
são as mais interessantes).
Na evangelização dos
negros pelos metodistas eles se depararam com outros intervalos (totalizando 12
semitons, 7 a mais do que eles conheciam), onde os intervalos do 3º pro 4º e do
7º pro 8º eram de semitons, dando um ar mais doce e melancólico às canções dos
hinos “brancos”, com a nova melodia com o intervalo da 3ª menor. E, também, pelos
cantores que “bemolisavam” a 5ª e a 7ª, tornando inconfundível a Black music.
Melismas não são
essenciais a uma música, mas podem (com muito critério, bom-gosto e sem
exageros, claro) deixá-la mais bonita. E nem todos os estilos musicais
"apreciam" melismas. Como já dito, deve-se usar muito critério.
Atenção: Exercícios
para o músculo velar ajudam muito em
treinos, pois ele é o principal responsável pela clareza (definição) de cada
nota do melisma. De outra forma seus melismas ficarão indefinidos a ponto de
parecerem “glissandos”, ou seja,
apenas uma passagem ascendente ou descendente uniforme de som sem nota definida
(mais conhecida pelos guitarristas pela expressão “slide”). Exercícios de respiração com o uso da musculatura intercostal também são fundamentais para o controle correto
da respiração e emissão vocal.
Agudos: Falsetto,
Belting
e
Head-voice
Belting
Canto belting - ou “rock style” - é o famoso canto americano à la Broadway. Nele a laringe se contrái e as pregas vocais também ficam tencionadas, o que produz um canto vigoroso, com bastante emissão vocal e brilho. O belting é quase totalmente realizado com emissão de peito (torácica), no que chamamos de “voz plena” (ou seja, sem falsete ou head-voice).
A voz de peito é predominantemente de
caráter masculino, enquanto que a voz de
cabeça (head-voice) é de abrangência feminina. O que não significa que
homens não consigam atingir a voz de cabeça, e nem que as mulheres não
registrem voz de peito.
Na voz cantada até os
“baixos” (os mais graves do gênero
masculino) alcançam voz de cabeça em seus tons mais agudos e, os “barítonos” e “tenores” o fazem com mais facilidade, por serem, naturalmente,
menos graves.
As “sopranos” (as mais agudas do gênero
feminino) também chegam à voz de peito se trabalhar nos extremos de seus tons
mais graves.
As “mezzo-sopranos” e as “contraltos” atingem-os com maior
facilidade.
Como todos os tipos
de vozes têm notas graves, médias e agudas, devemos sempre fazer estas
considerações: Na emissão de peito sentimos a vibração sonora no tórax
(colocando a mão no peito você poderá sentir facilmente), enquanto que na voz
de cabeça sentimos a ressonância em sua caixa
craniana. As pessoas que não estão acostumadas ou condicionadas à voz de
cabeça (tons agudos) podem sentir uma leve tontura, e até mesmo dor de cabeça.
No belting é
imprescindível uma posição de laringe ligeiramente ELEVADA (ao contrário do
canto lírico, onde a laringe é geralmente mais baixa), grande espaço faríngeo (assim como no canto lírico) e
a língua também ligeiramente ELEVADA (ocasionando os “ii” característicos dos
“belters”), um grande apoio respiratório e ancoragem.
“Ancoragem” significa uma grande atividade específica dos músculos
extrínsecos da laringe, do pescoço e torso, atenuando o esforço das pregas
vocais.
Outros aspectos
importantes são a constrição
ariepiglótica (isto é, a aproximação entre epiglote e aritenóides)
e a fase de fechamento da glote mais LONGA do que no canto lírico, gerando em
conseqüência uma maior intensidade vocal. Deve haver, também, maior pressão
aérea subglótica, e alguns defendem
que a respiração muito baixa é contra-indicada por induzir à depressão da cartilagem laríngea (bastante prejudicial
á voz).
Tudo isso gera,
obviamente, modificações importantes no trato vocal, ou seja, na
ressonância/qualidade da voz.
Head voice
No canto lírico, o que
não for modal (voz de peito) e cair
no agudo serão ou falsete, ou voz de cabeça. Tanto o falsete quanto a
“voz de cabeça” (head voice) podem se enquadrar na mesma categoria, entretanto,
o termo "voz de cabeça" (usado para homens no canto lírico) é quando
a ressonância da voz praticamente desaparece do tórax (característico da voz de
peito comum) por ter sido propositadamente direcionada para a caixa craniana do
intérprete.
Basicamente é uma “voz mista” com harmônico, ou seja, sempre
que você cortar a emissão de peito sem falsete (“quebra de voz”) você irá para a ressonância “de cabeça”.
Diferente do falsete,
na voz de cabeça a laringe se contrái, e as pregas vocais ficam ao mesmo tempo
abertas e relaxadas. Isso ocorre rápido, e esse reajuste (passagio) é bastante complexo, e exige treino e atenção. O som que
se emite nessa transição é uma “voz mista”, ou seja, a voz soa bastante aguda
como em falsete, mas com muita emissão como no registro pleno de peito. Por
isso é tão confortável cantar nesse registro quando devidamente colocada a voz.
A voz de cabeça é uma técnica fundamental, visto que sem ela você
perderá quase uma oitava de sua tessitura vocal.
O canto parte da voz modal (excluindo o registro basal – conhecido como “fry”)
do grave, e vai tencionando enquanto se sobe o tom.
Quando passamos pelo Dó central (do3) a passagem ocorre ou irá
ocorrer (depende do naipe de voz do
artista). No ponto exato antes da passagem as pregas vocais estão tencionadas,
e a laringe aberta.
Apogiatura
Pequena nota escrita rapidamente antes de outra (a nota principal) e cuja execução é feita à custa do tempo da nota principal ao qual está ligada. É praticamente uma “nota fantasma”, por ser uma nota muito breve usada apenas de passagem. Geralmente é uma nota um tom, ou meio-tom acima.
Pequena nota escrita rapidamente antes de outra (a nota principal) e cuja execução é feita à custa do tempo da nota principal ao qual está ligada. É praticamente uma “nota fantasma”, por ser uma nota muito breve usada apenas de passagem. Geralmente é uma nota um tom, ou meio-tom acima.
8 comentários:
Ei, dá pra traduzir pra o português agora...??? Meu Deus!!! Eu achava que era algo meio que possível de entender... kkkkkkkkkkkkkkkk!!! Brincadeirinha maninho... muito técnico e específico, e totalmente novo pra mim, mas deu pra captar muita coisa!!! Obrigada pela persistência!!! :p
Ahnn... preciso dar uma revisada neste texto, reli e vi q tem muita tecnicidade oca, vou dar uma simplificada e coesão, a parte mesmo do vibrato laringeo e da "misteriosa" voz de cabeça podem e devem ser melhor explicados.
eu gostaria de saber se estas tecnicas descritas em seu post são respectivas ao canto lirico ou ao canto normal? e pra quem canta o genero gospel e melhor recorrer ao estudo lirico? por ter mais tecnicas
eu gostaria de saber se estas tecnicas descritas em seu post são respectivas ao canto lirico ou ao canto normal? e pra quem canta o genero gospel e melhor recorrer ao estudo lirico? por ter mais tecnicas
Thiago, respondendo a sua pergunta, algumas técnicas são do canto lírico, e outras não. Técnicas como "belting", por exemplo, são típicas do canto "broadway" ("Os Miseráveis", "Cats", etc etc)... Quanto ao canto gospel, ou lírico, na verdade "lirismo" defini-se como o desenvolvimento metódico e tecnicista de algo, ou seja, você pode (e deve) sim, estudar canto gospel de forma lírica. abraço!
*define-se (que erro grosseiro que eu cometi!)
Bem complexo, queria saber mais sobre o canto gospel.
Amei...
Obrigada por compartilhar
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