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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

PARA OS "MÍSTICOS" JUNGUIANOS, E PRA MAIS NINGUÉM

 

O seguinte estudo foi revisado e adaptado por mim (Saides Lamarca) através de meus estudos sobre a Kabaláh. Antes de mais nada, deixo bem claro:


1-      Não sou “mago”, “bruxo”, “feiticeiro”, nada dessas denominações. Nunca procurei nenhuma espécie de benefício egoísta através desse conhecimento, sou católico e meus estudos sobre as Sephiras sempre foram ao sentido da compreensão de nossos aspectos e arquétipos, ou seja, meus estudos são estritamente Junguianos e visam apenas a compreensão da nossa natureza humana.


2-      Já conversei com vários padres sobre esses assuntos, e é perfeitamente comum ao estudante de Teologia o interesse pelos assuntos “malignos”. Devemos encarar de frente nossos “demônios internos”, e não fugirmos deles. Só assim nos conheceremos realmente, e saberemos dominar nossas fraquezas e tentações. 



“Não há senão Um caminho em direção à senda; somente no seu término poderá ser ouvida a Voz Sem Som.

A Escada pela qual sobe o candidato é formada por degraus de sofrimento e dor e estes poderão ser abafados somente pela Voz da Virtude. Ai de ti, ó discípulo, se ficar um só vício que não tenhas deixado para trás, pois então a Escada cederá e derrubar-te-á.

Teu pé descansa no profundo lodo de teus pecados e tuas falhas, e antes que possas tu tentar o cruzamento desse largo Abismo de matéria, terás de lavar teus pés nas Águas da Renúncia.
Cuida em não por um pé ainda manchado nem ao menos em o degrau inferior da escada.
Ai de quem ousar macular um só degrau com pés lamacentos.”

Nâgârjuno - The Aurean Precept`s Book



Todo aquele que tentar manipular uma força positiva (seja através de algo como, por exemplo, um sincretismo religioso como a devoção a algum santo católico) precisa se lembrar que ela tem, também, um aspecto negativo, a sua contraparte ou "reflexo". Sempre foi assim em todo o Universo.
     A contraparte da Santíssima Maria, por exemplo, seria a "grande adúltera" cujo nome não convém citarmos. A de Jesus, também, todos sabem quem é, também não convém - nem é preciso - citá-lo.


     A não ser que possamos manter o necessário equilíbrio de forças, esse “aspecto negativo” pode tornar-se dominante e nos corromper. Há um ponto culminante em que nos encontramos inevitavelmente com o aspecto negativo de uma força positiva que transbordou e, a não ser que este aspecto seja devidamente neutralizado (atenção: “neutralizado”, e não combatido), ele irá jogar o “estudante” em a própria fossa que abriu.

     Há uma sábia máxima que aconselha a não gerarmos qualquer espécie de força positiva, a não ser que estejamos preparados para enfrentar o seu “aspecto adverso”.

     Para termos uma compreensão correta da natureza humana, devemos saber que todo indivíduo tem os mesmos defeitos de suas melhores qualidades. Ou seja, se ele é vigoroso e enérgico, ele está predisposto a incorrer na crueldade e na opressão; se é calmo e magnânimo, está predisposto às tentações do laissez-faire e da inércia. (Quem estiver interessado em mais detalhes, sugiro procurar obras sobre Kabaláh e a "Árvore da Vida").

     Por isso muitas vezes nos deparamos com casos de padres pedófilos, carolas ninfomaníacas, etc etc...

     O estudante deve fazer uma cuidadosa distinção entre o que chamamos de Mal Positivo, e o Mal Negativo. Este é um ponto capital, e a não compreensão disto poderá conduzir ao erro, danificando vida obra ou, pelo menos, o ser humano que tenta desenvolver uma qualidade pelo menos módica de livre escolha e autodomínio. Esse é um ponto muito pouco compreendido, mas singularmente importante, porque influencia imediatamente os nossos pontos de vista, de julgamento e - principalmente - de conduta e caráter.


     O Mal Positivo é uma força que se move contra a corrente da evolução; o Mal Negativo é a oposição de uma inércia que ainda não foi superada, ou de um movimento que ainda não foi devidamente neutralizado.

     Se um pêndulo balançasse entre Marte e Júpiter, ele atingiria o lado oposto do globo, girando na direção da influência adversa correspondente. Se ele se afastar em demasia da Severidade e da Justiça, ele chegará à esfera das forças incandescentes e destrutivas do ódio;
     Se ele se afastar da Misericórdia, chegará à esfera dos engendradores da destruição, e esse nome é muito significativo.   (ver. "Qlipoths")

     Toda vez que tomamos um canal de alguma força pura, ou seja, qualquer força que é simples e não-diluída pelos motivos ulteriores e considerações secundárias, descobriremos que há um rio caudaloso (e fétido) atrás de nós; O fluxo das forças opostas correspondentes que abriu um canal, e bem poderá utilizar-nos como seu intermediário.


Em suma, esse fluxo negativo deve ser encarado, mas nunca combatido. Deve ser assimilado e neutralizado. A palavra certa é “Transmutação”. A palavra certa é “Alquimia”.




Post Scriptum:
Sem uma ablução aplicada,
Essas núpcias podem te prejudicar.”



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3 comentários:

Saides LaMarca disse...

Quando me referi a "marte", "júpiter", etc etc eu quis chamar atenção aos aspectos comportamentais intrínsecos a cada um deles (marte - raiva e rivalidade, júpiter - autoridade, razão), e quando citei "severidade" e "justiça" estava me referindo ás Sephiras da árvore da vida. Querem saber um segredo? Essa é a árvore do conhecimento do bem e do mal.

Twentybucks disse...

Muito interessante o texto. Vale a reflexão para aprendermos a conviver melhor com as consequências de nossas ações. Sejam elas positivas ou negativas.

Unknown disse...

Muito interessante, mas precisarei de mais informações para entender totalmente o texto.
Não vejo a hora de podermos debatê-lo...