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quarta-feira, 7 de março de 2012

ESTA É A VERDADEIRA APRENDIZAGEM MUSICAL



    Posso muito bem fragmentar minha carreira como músico e compositor entre dois extremos: Antes, e depois de entrar em contato com a filosofia antroposófica de Rudolf Steiner. O antes já não me interessa mais. Nem consigo mais concebê-lo, definí-lo. O “depois” faço questão de explaná-lo.


    Quando voltei para minha casa depois de concluído o curso, agarrei meu violão e olhei para ele (ou ela?) como se nunca antes eu o (a) tivesse visto. Sentia seu peso, sua substância, e olhava para suas formas. Olhei para meu instrumento musical como se eu nunca ainda o tivesse visto, analisando cada mínima textura de sua constituição.


     Vibrei sua última corda e percebi que podia executar qualquer canção que eu já conhecia usando apenas ela, e nenhuma outra mais. Pensei que eu poderia escolher uma planta qualquer, ou algum animal, uma flor ou algum inseto, e expressar-me como se eu fosse um d`eles. Percebi que compor uma canção com duas notas, ou quarenta acordes, era o mesmo. E o principal: Percebi que naquele momento eu teria que abnegar de todo o conhecimento musical que eu presumira ter, e recomeçar tudo novamente... Tudo, desde a estaca zero.


    Então comecei abraçando o meu violão. De olhos fechados... senti-o como uma extensão do meu corpo. Minha segunda, e terceira voz. Depois olhei para dentro de mim mesmo, e esperei calmamente sentir meu momento, em que o pensamento se faria Verbo. E, só então, cantei. A primeira nota de minha voz ressonando no ar, junto com a de meu violão (que agora também era meu corpo), que formariam uma tríade com o silêncio, gerando uma nova canção. Lembrei-me do conceito cabalístico dos números e letras, da criação do universo. Gematria? A música como uma matemática poética. A melodia contando uma história, onde seu cenário, seu pano de fundo, é a harmonia. Seu andamento, uma pulsação cardíaca... ou um trilho de trem; sua letra um sentimento humano... uma risada, ou mesmo uma lágrima. Ou seja, a música em seu sentido mais visceral, pleno: Como a celebração máxima da glória da vida. Isso é antroposofia.

    E, agora sim, finalmente acho que me tornei um artista. Antes, eu era um farsante. Um corpo, sem alma. Como é bom despertar!...



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