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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Pequena Semiótica sobre o Facebook


Pequena Semiótica sobre o Facebook


    Eu poderia ter escrito um texto muito maior do que este que eu escrevi agora. Poderia ter escrito dezenas de páginas, e poderia tê-lo deixado muito mais complexo, inserindo jargões, analogias rebuscadas e etc etc etc mas não, não é isso o que eu quero, pois a minha real intenção é a de que este texto seja lido, principalmente, pelos idiotas.

     Por favor, não me interpretem mal, não estou dizendo “idiota” com nenhuma intenção depreciativa, não quero ofender e nem atacar a ninguém em particular, digo “idiota” pelo seu sentido pleno, por seu real significado. Da mesma forma que chamar a um analfabeto de “ignorante” não é necessariamente insultá-lo e, sim, defini-lo. Pois bem.

     A minoria dominante sabe muito bem o que vende. A minoria dominante é culta, e obviamente não consome o que ela mesma produz. Ela sabe muito bem o que tem valor e o que não tem valor algum, entre as coisas que ela mesma produz e vende para a grande maioria passiva e consumista. Nossa sociedade já está estagnada, consumada, pois quem está “em cima” já possui poder financeiro o suficiente para não temer cair.


Mas... O que é o “Facebook”?


     Não perderei tempo - nem o meu e nem o de meu leitor - com enxertos do Wikipédia sobre a origem, fundação, história e desenvolvimento d`esta empresa porque sei que isso só ajudaria a desviar o raciocínio de os idiotas sobre o que eu realmente quero fazer, que é pensarmos seriamente sobre este tema. E o que eu quero é que seja feito um raciocínio atento dentro da mente de cada um que neste momento estiver lendo estas linhas, sobre “de quê se trata o Facebook”, e o que ele gerou, gera, e gerará no inconsciente coletivo da maioria, ou como eu já disse anteriormente, dos idiotas.

     O Facebook é um inconsciente coletivo virtual. Ele apela para os pontos mais fracos do ser humano comum, que são a vaidade, o desejo de aceitação e o status. Nele as pessoas descrevem seu cotidiano através de fotos e frases esparsas que vão, pouco a pouco, demonstrando aos outros "contatos" como ela quer ser vista pelos demais... E não, necessariamente, como ela realmente é.

     Não é difícil percebermos as fraquezas humanas n`esses detalhes esparsos. As pessoas quase sempre estão a falar de si mesmas, de suas coisas, seus filhos, seu parceiro, seu carro e sua casa... Querem afirmar ao mundo, e a si mesmas, que a vida delas é "especial”. Única. Que não são somente “mais um”. Acabam, inevitavelmente, fazendo parte de um imenso grupo de “iguais” que pensa exatamente da mesma forma.

     O Facebook é um reality show mundial. Nele todos se sentem como pseudo-celebridades, pois sabem que estão sendo vistas por centenas, ou talvez milhares de pessoas, e sabem que estão sendo expostas para pessoas que elas mesmas nem podem imaginar quem seja. Da mesma forma como as celebridades que elas veneram em a televisão, no rádio, e no cinema.

     O Facebook faz a pessoa sentir que a sua vida é especial, pois ela tem uma história só dela, diariamente acontecem coisas diferentes com ela em sua interação inevitável com o mundo, e esses acontecimentos gerados inevitavelmente por essa interação acabam por reafirmar constantemente dentro de cada uma delas essa sua individualidade. Até mesmo os reveses, as desgraças, como falecimentos de amigos e/ou parentes, ou qualquer outro acontecimento desagradável são utilizados (muitas vezes de forma inconsciente) pelas pessoas pra se expressarem ao seu grupo e para se sentirem especiais.

     Mais ainda, o Facebook nos passa uma sensação ilusória de liberdade de expressão e de uma pseudo-revolução virtual, entretanto, essa extrema facilidade do protesto é justamente o que descredibiliza (e inevitavelmente neutraliza) a eficiência de qualquer tipo de “revolução”. No Facebook as revoluções são declamadas aos borbotões, mas se extinguem momentos depois, trocadas fria e simplesmente pelo próximo “post”. São fogos de palha, onde pessoas comuns insultam suas “autoridades” sem o menor pudor ou temor, e nada acontece de represália, pois isso nada gerou. Apenas a afirmação da banalização do protesto gerada pela avalanche histérica dos internautas.


     "O poder manipula as massas”. O que é “o poder”? Apenas uma palavra abstrata que não acusa ninguém em particular. Uma palavra inútil, morta. Como dizer que “os políticos são ladrões”. Ninguém foi acusado. Que as empresas de telefonia “roubam impunemente” seus próprios consumidores. Ninguém está sendo acusado especificamente e ninguém, da mesma forma, será julgado e pagará pelo crime.

     Quando dizemos que “o Facebook está manipulando as massas”, a quem estamos denunciando? A um logotipo? Ao seu fundador? Quando dizemos que “Os Estados Unidos dominam e espionam o mundo”, a quem estamos nos referindo? Á uma bandeira vermelha, branca e azul com estrelas desenhadas? Ao presidente do país citado? E o que muda a partir do momento em que sabemos dessa situação e declaramos com todas as letras “NÓS ESTAMOS SENDO MANIPULADOS”? Absolutamente nada.


     Quando o protesto era violentamente reprimido no período da ditadura militar ele realmente gerava resultado, porque da violência com que ele era combatido ficava-se explícita a sua autenticidade. O que vemos agora é que qualquer pessoa, mas qualquer pessoa mesmo, pode declamar em público qualquer espécie de impropério para o próprio presidente da república no conforto de sua própria casa, bem protegido atrás do teclado de seu computador, que nada de mal acontecerá com ele. E nem com o alvo de seu protesto.


     Palavras de guerra, de revolução, gritos de indignação, viraram apenas tiros na água. São rapidamente substituídos pelo “post” seguinte.

E, ao mesmo tempo, as pessoas estão ficando cada vez mais confiantes e confortáveis, e já estão quase se esquecendo completamente de que




“TUDO O QUE VOCÊ DISSER PODERÁ SER USADO CONTRA VOCÊ”.




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Um comentário:

Unknown disse...

Eu concordo com a parte que diz: Tudo que você disser poderá ser usado contra você!!, neste texto... desculpe mano...