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terça-feira, 29 de maio de 2012

A LENDA SOBRE A MORTE DO BAIXISTA DOS BEATLES



     No dia  9 de Novembro de 1966, o jovem Paul McCartney saiu furioso do famoso estúdio de gravação de “Abbey Road” após uma grave discussão com os seus colegas de banda; entrou em seu potente Aston-Martin e saiu a toda velocidade pela avenida até que, ao chegar em um cruzamento, atravessou um semáforo fechado e foi brutalmente atingido por um caminhão.



     Brian Epstein, então empresário dos Beatles, foi avisado imediatamente do acidente fatal. O cadáver de Paul ficara tão desfigurado que só foi possível identificá-lo através de sua arcada dentária, e Brian de alguma forma conseguiu com que as autoridades não fizessem nenhuma referência à sua morte. No relatório policial simplesmente constou-se que um “homem jovem ainda não identificado havia falecido no acidente”.



     Os Beatles não podiam perder um dos principais membros da banda em seu maior momento de popularidade. A morte de Paul supunha um conflito de interesses, já que este era, junto a John Lennon, o membro mais popular do grupo, e o preferido entre as mulheres. E, afinal, Lennon e McCartney eram os compositores da maior parte das canções. Por isso, após superar o choque de sua morte, Epstein tomou uma decisão extrema e assustadora: procurar um substituto, um sósia que pudesse substituir Paul em sessões fotográficas e atuações. Para as gravações utilizariam diferentes cantores que tivessem seu timbre e que pudessem imitá-lo.



     Finalmente encontraram o escolhido, um jovem chamado William Campbell: cantava bem, era ótimo músico e assustadoramente parecido com Paul, mas contava com duas importantes diferenças: era destro (Paul era canhoto), e apenas sabia tocar guitarra. Mas depois de alguns meses de treinamento no manejo do baixo com a mão esquerda (e mais alguns retoques estéticos), William já estava pronto para sua primeira apresentação em público como “Paul McCartney”. E durante alguns anos o “falso Paul” enganou eficazmente a todos.



     O misterioso rumor sobre a morte e conseqüente substituição de Paul McCartney por um impostor apareceu pela primeira vez em 1969. Começou com o mórbido telefonema de uma pessoa que se identificou simplesmente como "Tom" ao famoso locutor da “WKNR-FM”, Russ Gibb. Após o estranho depoimento desse auto-denominado “Tom”, Russ narrou por rádio uma das lendas urbanas mais memoráveis de todos os tempos: a morte de Paul McCartney, e sua posterior substituição por um sósia.



    Pouco depois, um estudante da Universidade de Michigan de nome Fred Labour publicou uma curiosa análise no jornal da Universidade sobre "Abbey Road", disco lançado pelos Beatles nesse mesmo ano. Fred assegurava que na capa e nas letras das músicas do disco se encontravam numerosas pistas que delatavam a existência de uma grande conspiração para ocultar a morte de Paul.



     Começaram a realizar-se comparações visuais entre as fotografias de McCartney tomadas antes de 1966, e fotografias de anos posteriores (que pela “lenda” seriam de William Campbell). E assim surgiu a lenda. Em apenas alguns meses os fãs de todo mundo já haviam encontrado centenas de referências ocultas ao trágico acontecimento.


     E finalmente os integrantes restantes do Beatles, descontentes com o encobrimento da morte de seu parceiro, resolveram deixar pistas esparsas sobre a verdade, e então o grande segredo dos Beatles poderia ser descoberto por quem pudesse seguir as pistas deixadas pelo grupo em suas obras posteriores a 1966.



Vejamos algumas delas:


- Sgt. Pepper's Lonely Hearts Clube Band (1967)

Este álbum conta com uma das capas mais famosas da história da música e, ao mesmo tempo, cheia de simbolismo para a lenda urbana em questão. Nela aparece uma fotografia dos quatro Beatles vestidos como militares diante de uma colagem de rostos célebres, entre os quais estão Karl Marx, H.G. Wells, Albert Einstein, , Bob Dylan, Lewis Carrol, Aldous Huxley, Lewis Carrol, Carl Jung, Marilyn Monroe e Marlon Brando . À esquerda dos Beatles de “carne e osso” aparecem umas estátuas dos mesmos em cera, mais jovens (tal como eram antes da suposta morte de Paul) e vestidos com trajes escuros. Todos os personagens estão ante o que parece ser uma sepultura aberta, pelo que a simbologia da morte é explícita.Repare também que há um baixo estilisado feito com flores amarelas na parte inferior direita da capa: Nele existem apenas três cordas.

Sobre a cabeça de Paul aparece uma mão aberta. A mão aberta é o símbolo da morte nas religiões orientais. É o caso, por exemplo, de "Jain Hand", o símbolo hindu que representa a reencarnação do alma. Este fato parece ter ainda mais significado se levarmos em conta a estreita relação dos Beatles com a música e a doutrina indiana.

Além disso, "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Clube Band" foi o primeiro disco dos Beatles que incluía a letra das canções, e em duas delas há claras referências à morte de Paul.
Na faixa 6 ("She's Leaving Home") há uma estrofe que diz "Wednesday morning at five o'clock". Estes seriam o dia e a hora exata do acidente de carro. Na última faixa do disco, "A Day In The Life", a letra é ainda mais clara quando diz: "He blew his mind out in a car, he didn’t notice that the lights had changed" (Ele perdeu a cabeça num carro, não percebeu que o semáforo tinha mudado).




- Magical Mistery Tour (1967) e The White Album (1968)

Os Beatles aparecem fantasiados de animais na capa do disco. Enquanto três deles estão de branco, Paul está vestido de negro. Paul é a morsa ("Walrus", em inglês). Na canção "I'm The Walrus" (Eu sou a morsa) é John Lennon que canta, portanto a morsa é ele. No entanto, posteriormente, na canção "Glass Onion" do álbum "The White Album", John Lennon canta "Well here's another clue for you all... The walrus is Paul" (Bem, aqui há uma última pista para todos vocês... A morsa é Paul). Além do quê, ao final de "I'm The Walrus" pode escutar-se uma voz que diz "Bury me, bury me, bury my body... Oh, finally death" (Enterra-me, enterra-me, enterre meu corpo... Oh, finalmente a  morte).




- Yellow Submarine (1969)

O submarino que dá nome ao disco aparece na parte inferior da imagem. A letra da canção que dá título ao disco: "Sky of blue, sea of green in our yellow submarine" (Céu azul, mar verde em nosso submarino amarelo). O submarino representa o ataúde de Paul, enterrado numa colina de grama verde.

Mas este não é o único símbolo: novamente volta a aparecer a mão sobre a cabeça de Paul.




- Abbey Road (1969)

     A capa do último álbum da banda também esta carregada de referências à morte de Paul. Os quatro Beatles aparecem em fila, como a encenar um cortejo fúnebre. John Lennon vai vestido de branco: é o pregador, Ringo Starr está de luto, é o amigo do defunto. George Harrison, por sua vez, está vestido com um roupa informal: é o coveiro. Paul é o único dos quatro que está descalço, e caminha com os olhos fechados. Em muitas culturas orientais, os defuntos são queimados descalços. Note, também, que apenas o seu passo está descoordenado com relação aos demais, como se apenas ele não pertencesse à procissão.

     Por último, o carro negro estacionado à direita, em segundo plano, é um carro funerário.


O restante dos detalhes são bem mais sutis, mas claramente reveladores, também. Duas pistas são especialmente importantes: A primeira é que Paul está fumando com um cigarro na mão direita. Recordar que Paul McCartney era canhoto, enquanto que William Campbell (ou Billy Shears, seu suposto sustituto), era destro, ainda que tenha aprendido a tocar o baixo com a mão esquerda. O segundo detalhe é a placa do sedan branco estacionado em segundo plano: "28 IF". 28 anos seria a idade que teria Paul McCartney no lançamento do disco “se” ele ainda estivesse vivo (“if” é uma palavra do inglês que significa “se”).



Conclusão:
Pode-se notar que toda essa história é bastante excessiva em detalhes e por mais que pareça (e talvez até mesmo seja) apenas um boato, apenas uma lenda urbana, a quantidade de pistas já é o suficiente para se gerar bastante suspense.

Outrossim, os fatos que geraram todo este "hoax" também podem ser apenas uma jogada de marketing criada pelo empresário (e/ou pela própria gravadora), sem - com essa afirmação - estarmos negando o fato de eles serem bons artistas, ou não.





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