A Chuva Artificial
Nosso planeta já começou a apresentar severos sinais
da fadiga causada pelos excessos do homem.
A temperatura do planeta subiu.
Mais do que nunca em toda a história da humanidade o homem
precisa aprender a utilizar os recursos da natureza de forma sustentável antes
que seja tarde demais.
Todos, sem exceção, cada um de nós precisa finalmente aprender
a viver com o meio ambiente de forma harmoniosa.
O Sistema
Cantareira de captação e tratamento de água é o maior da região
metropolitana de São Paulo. Ele produz em média 33 mil litros de água por segundo, e abastece 8,8 milhões de pessoas. E não é só isso. O Sistema Cantareira também
é um dos maiores do mundo, com uma área de drenagem de 2.307 km².
Com o nível mais baixo em toda a sua história, o Sistema
Cantareira desperta em todos os brasileiros, agora, o temor de um racionamento
generalizado...
E até mesmo a total falta de água potável.
Como o Brasil tem o maior potencial hídrico do mundo, pensou-se
de forma inconsciente de que se podia gastar água sem consequências. Ou seja, pela
falta de conscientização da maioria da população a situação rapidamente agravou-se
para um verdadeiro estado de calamidade.
Mas não são somente as pessoas que contribuíram para esse
desastre.
As empresas construtoras retiram água do subsolo com
bombeamento enquanto constroem seus prédios, destruindo nascentes.
Na zona rural de muitos municípios as nascentes são
canalizadas de forma inapropriada e insustentável.
E as empresas de saneamento básico possuem técnicas, gestões
e sistemas de encanamento obsoletos e ineficazes. Não instruem seus próprios
consumidores sobre a correta utilização, e não apresentam saídas para um
abastecimento igualitário.
Com um sistema de distribuição velho e
ultrapassado que já deveria ter sido substituído há muito tempo, e a falta de
manutenção constante, a situação levou a perdas diárias irreparáveis.
Na região metropolitana de São Paulo perde-se 7 metros cúbicos por segundo de água
potável por falhas no sistema de distribuição.
E o governo apenas diz que as empresas "não podem
ser obrigadas a investir no que deveriam".
Isso é algo que deve ser discutido com a
população.
Antes de tudo, o próprio governo deve tomar medidas
preventivas para se remediar possíveis ondas de calor e estiagens muito antes delas realmente começarem a
ocorrer. A isso chama-se "prevenção".
Mas a solução principal que as empresas parecem estar
tomando é a de responsabilizar a sociedade pela escassez.
Deve-se investir de forma rigorosa na despoluição
dos rios e canais freáticos.
Assim como deve-se investir, também, na energia solar,
eólica e maremotriz, para se minimizar a
dependência da água como fonte de energia, e priorizá-la estritamente para a subsistência.
E, na verdade, essas fontes alternativas de energia supracitadas são opções muito
mais viáveis economicamente que as hídricas.
A Chuva Artificial
Em 1971, um engenheiro mecânico brasileiro chamado Takeshi
Imai tornou-se conhecido em todo o país através de uma
reportagem em uma famosa revista brasileira por ter inventado uma tecnologia de
combate à ferrugem nas plantações de café, o principal produto de exportação
brasileiro na época. A invenção, além de notoriedade, rendeu muito dinheiro à
Hatsuta Industrial Ltda; empresa fundada em 1964 por Imai e seu pai, em um
fundo de quintal, em São Paulo. Entre 1973 e 1974, a Hatsuta ficou em primeiro
lugar no seu ramo de atividade, no levantamento das maiores e melhores empresas
do país feito anualmente por uma famosa revista sobre negócios. Em 1975, ele foi capa
de reportagem.
E então, quando as empresas de saneamento começaram a
ter problemas de escassez, a solução encontrada pelo engenheiro Takeshi foi a
de fazer chover artificialmente.
A chuva
artificial fora criada no passado através de um método batizado inicialmente de
semeadura de nuvens (cloud seeding) ou mais tecnicamente, "nucleação
artificial", que consiste simplesmente no bombardeamento de nuvens com agentes aglutinantes.
No mundo ela já teve usos famosos, como em 2008, quando
nos Jogos Olímpicos de Pequim uma grande quantidade de partículas de cloreto de
sódio foi pulverizada em nuvens para que chovesse antes, e não durante, as
provas esportivas.
Na Ucrânia, durante o campeonato de futebol Euro 2012,
a técnica de bombardeamento de nuvens foi usada para dispersá-las e evitar a precipitação
durante os jogos.
Takeshi Imai começou a lidar com a natureza como
vilão. Dono de uma empresa de pulverizadores na década de 1970, sua empresa
ocupava-se em jogar pesticidas nas plantações. Mais tarde, passou a produzir
motosserras. Após testar um modelo potente cortando um pé de jacarandá com mais
de 200 anos, arrependeu-se, guardou a máquina e mudou de ramo.
Até que, em 1979, passou
a estudar e pesquisar métodos para se produzir chuva artificialmente.
A tecnologia criada por ele é 100% brasileira e apenas
começou a ser plenamente desenvolvida em 2001. No ano seguinte, foi apresentada
no 12º Congresso Brasileiro de Meteorologia, em Foz do Iguaçu (PR). Em 2005,
ganhou a Medalha de Ouro da Ciência da Água no 7º Simpósio Internacional da
Água, em Cannes, na França.
O processo é bastante simples:
Um radar meteorológico detecta as nuvens. A partir daí um avião bimotor carregado de água potável entra na nuvem
e, em vôo cego (sem pontos de referência visual), semeia “gotas coletoras”.
Cada gota coletora funde-se às gotículas já encontradas nas nuvens para se potencializar
sua nucleação e gerar a chuva. Completando-se a fusão de aproximadamente um
milhão de gotículas de nuvem, faz-se uma gota de dois milímetros. Essa gota
pesa e cai. Em outras palavras: chove.
De acordo com Imai, para cada litro de água potável semeada obtém-se, com chuva, quantidade
suficiente para abastecer 50 caminhões-pipa.
Segundo ele, em geral são nuvens pequenas de dois a
três quilômetros de altura, em início de formação, as ideais para se fazer
chover. "Dentro da nuvem, cada gota pulverizada atrai até 10 milhões de
gotículas de vapor. As gotas crescem e sobem dentro da nuvem empurradas pelo
vento. Quando as gotas atingem de dois a cinco milímetros de diâmetro ficam
pesadas demais e caem em forma de chuva", explica.
O engenheiro calcula que para cada litro de água
utilizada nos aviões e semeadas dentro das nuvens é produzido até 500 mil
litros de chuva, o que equivale à cerca de 50 caminhões-pipa. "O avião
utilizado tem capacidade de pulverizar 300 litros de água que, no final,
significam uma quantidade de chuva equivalente a 15 mil caminhões pipa".
“O custo é baixo. Às vezes, em um único vôo, provoca-se
quatro ou cinco chuvas”, afirma.
Entre os anos de 2003 e 2004, as chuvas artificiais
foram responsáveis por 31% das precipitações que abasteceram o complexo de São
Paulo.
A patente PI0104199 refere-se a "PROCESSO E
EQUIPAMENTO PARA DESENCADEAR A PRECIPITAÇÃO DE CHUVAS A PARTIR DE NUVENS
CONVECTIVAS DO TIPO CUMULUS, ATRAVÉS DA PULVERIZAÇÃO DE GOTAS DE ÁGUA
COLETORAS, DE TAMANHO CONTROLADO". Compreendido por um conjunto de
equipamentos instalados em um avião, composto de tanques de água (1), bombas
(2), aparelho pulverizador rotativo (5), controle (3), e que produzem gotas de
água de tamanho controlado (5), que lançado nas nuvens convectivas provoca sua
precipitação em forma de chuvas.
Recentemente Imai passou a estudar também o crescimento das nuvens. Dessa forma,
quando a nuvem encontrada ainda é muito pequena, ele provoca seu crescimento
artificial por meio da mesma tecnologia. Em seguida, faz novo sobrevôo para
“fazer a chuva”. “O método é eficaz e deveria ser utilizado no nordeste brasileiro", diz Imai com entusiasmo.
Além de não ter custo elevado, o método de fazer
chover com água pura pode evitar e apagar incêndios e ajudar a resolver uma
série de problemas, como a seca no Nordeste e a estiagem em produções
agrícolas, reservatórios e hidrelétricas.
"Minha preocupação não é ganhar dinheiro, mas
achar soluções urgentes para deter a degradação do planeta e o acelerado
processo de aquecimento global", diz Imai.
"As
mudanças climáticas são muito mais sérias do que dizem."
Nesse caso, Imai não arrisca fazer previsões.
"O vice-presidente aprovou a idéia, mas ainda não
conseguimos falar diretamente com a presidente”, lamenta. Apesar de ainda não
haver estudos conclusivos a respeito de possíveis conseqüências causadas por
essas modificações, Imai garante que são mudanças conscientes que visam a
restaurar os estragos já feitos pelo homem.
“Hoje a gente sofre os impactos das intervenções
inconscientes que se fez. O que eu faço é tentar consertar. E uso o que a
natureza dá: água potável”, garante.
Depois de conquistar, em 2005, a medalha de ouro no
Simpósio Anual da Água em Cannes, na França, com o trabalho das chuvas
artificiais, o engenheiro começa a viabilizar a criação de florestas em áreas
desérticas ou com solo infértil. "Onde não há vegetação, não há nuvens, e
sem nuvens é impossível fazer chover", explica.
Nessa iniciativa, Imai leva em helicópteros adaptados
mudas de plantas inseridas em casulos em forma de flecha. Essas plantas são
‘bombardeadas’ no solo. Suas raízes são previamente preparadas para vingar em
uma região adversa. Com as chuvas naturais e artificiais, o engenheiro espera
que a mata floresça, regenerando, assim, a natureza.
Por meio dessa técnica inédita criada por Imai é possível plantar 50 mil mudas por
hora.
*
nota do autor da reportagem: este texto foi escrito
por mim (Saides) a partir da seleção de vários outros textos encontrados na web
sobre o mesmo assunto. Fiz uma leitura atenciosa de tudo o que eu encontrei e
achei pertinente, juntei tudo o que eu aprendi com eles, dei uma bela enxugada, revisei, acrescentei algumas coisas e postei.
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