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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

TÉCNICAS DE CANTO - INTERMEDIÁRIO PARA O AVANÇADO


Escrito por Saides Lamarca

Vibrato de laringe, e o vibrato abdominal (ou “diafragmático”)

 

Vibrato são pequenas oscilações (geralmente de meio-tons) em uma nota qualquer.

Trata-se de uma técnica muito usada no canto lírico e popular, onde cada gênero musical tem a sua forma própria quanto à amplitude da oscilação, e da velocidade do vibrato.

O vibrato dá uma sonoridade mais harmoniosa para as notas sustentadas, pois uma nota sustentada prolongadamente sem nenhum efeito vocal pode tornar-se cansativa para o ouvinte.

O “vibrato de laringe” é produzido pela correta colocação da laringe, que oscilará somente com a pressão exata de ar que por ela passar, com a laringe em estado de relaxamento. Somente com o decorrer da prática o estudante perceberá a intensidade correta para o desenvolvimento do efeito de tremolo de voz.

Quando o ar for bombeado na intensidade correta para as pregas vocais, elas entrarão em ondulação e o som vibrará naturalmente (da mesma forma como uma bandeira hasteada ondula rapidamente sob a ação do vento, por ex.). Se o cantor colocar a voz no lugar certo (na caixa de amplificação/ressonador) e tiver ar sobrando, o vibrato acontecerá naturalmente.

É o conforto da emissão.

No vibrato de diafragma (ou vibrato abdominal) o vibrato dependerá do correto apoio dos músculos intercostais para o controle dessa oscilação. Caracteriza-se por um vibrato mais lento e gradual que o laríngeo. Mas, diferentemente do vibrato laríngeo, o vibrato do diafragma será totalmente controlado de forma consciente pelo cantor, enquanto que no vibrato laríngeo a oscilação é espontânea. No vibrato de diafragma o intérprete pode controlar a velocidade e o “alcance de pitch” dessa oscilação á vontade, o que não ocorre com o vibrato laríngeo, que será sempre rápido e de meio-tom.  

O vibrato simples consiste na junção de uma nota e um semitom unificados. Para entendermos melhor, precisaremos aprender a noção de “Pitch”.

Um controle eficaz de PITCH significa que o músico tem o domínio da freqüência exata de cada nota musical. Pitch significa “grau”, ou seja, cada nota tem a sua freqüência, e para irmos para a nota anterior ou posterior iremos ter que variar seu grau vibratório (medido em Hz).

Para exemplificar melhor, usemos as teclas do piano como referência: as notas principais (la, si, do, re, mi, fa, sol – ou, respectivamente, A, B, C, D, E, F) são as teclas brancas, e os semi-tons (sustenidos e bemóis) são as teclas pretas. Se você estiver cantando uma nota um semitom mais agudo, você estará cantando o SHARP da nota (ex. de notação: C#, F# e G#); se você estiver cantando uma nota um semitom mais grave, então você estará cantando o FLAT da nota (ex. de notação: Eb e Bb).

Relembrando que o vibrato simples é constituído
por uma nota e seu semitom SHARP (#).

Atenção: Não poderá haver tensão na região da garganta (ela deve sempre estar relaxada) e não é necessário vibrar a boca, e nem os lábios.

No canto lírico moderno existem vários tipos de vibrato mais complexos que funcionam com o mesmo mecanismo básico, porém são feitos com dois semitons e uma nota (ex.: Bb, C e C#), e/ou são ressonados fortemente na região torácica frontal (o que dá um aspecto mais “fechado”), e/ou são obtidos através de uma vibração labial coordenada (o que permitirá fazer melismas com muitas notas e em grande velocidade, uma das mais complexas - e difíceis - técnicas vocais, somente dominada por cantores virtuose muito experientes e disciplinados).





Melismas

Melisma (do grego mélisma, que significa “melodia”) trata-se de uma espécie de vocalização ornamental de número indeterminado de notas musicais.
Na técnica medieval de composição de organas do cantochão (canto litúrgico católico, essencialmente monódico, mais conhecido como “gregoriano”), melisma passou a significar um fragmento melódico, ou grupo de notas de valores breves usados para enriquecer a melodia.

Em outras palavras: a voz emitida é trabalhada em pequenos fragmentos, gerando assim vários movimentos livres com notas curtas, tecendo uma espécie de bordadura (ornamento). Provavelmente esta técnica teve origem nas improvisações feitas pelos próprios cantores.

Alguns cantores profissionais podem conseguir realizar melismas de10 notas em apenas 2 segundos!
Assim sendo, é necessário conhecer as escalas básicas (principalmente a maior/jônio e a menor/eólio) para que se possa realizar o melisma com a precisão necessária.

Ressalto, porém que, antes de tudo, é fundamental conhecer muito bem a melodia original da música (sem qualquer improviso inicialmente) e somente depois começar a implementar alguns melismas improvisados pelo próprio intérprete, fazendo-se uso da linha melódica principal como referência.
Outro detalhe importante: Muito cuidado com os exageros. Muitos intérpretes incorrem ao erro do uso excessivo de técnicas vocais.
Lembre-se sempre de que “MENOS é MAIS”.

O melisma da Black music originou-se da fusão cultural entre mouros e africanos.
Dessa fusão das únicas 5 notas que a civilização negra utilizava (a famosa escala pentatônica, muito utilizada no blues) surgiu o “Iodol”, que é o melisma com tempo dobrado, e que é feito tanto em escalas descendentes, quanto em ascendentes (que, ao meu ver, são as mais interessantes).

Na evangelização dos negros pelos metodistas eles se depararam com outros intervalos (totalizando 12 semitons, 7 a mais do que eles conheciam), onde os intervalos do 3º pro 4º e do 7º pro 8º eram de semitons, dando um ar mais doce e melancólico às canções dos hinos “brancos”, com a nova melodia com o intervalo da 3ª menor. E, também, pelos cantores que “bemolisavam” a 5ª e a 7ª, tornando inconfundível a Black music.

Melismas não são essenciais a uma música, mas podem (com muito critério, bom-gosto e sem exageros, claro) deixá-la mais bonita. E nem todos os estilos musicais "apreciam" melismas. Como já dito, deve-se usar muito critério.

Atenção: Exercícios para o músculo velar ajudam muito em treinos, pois ele é o principal responsável pela clareza (definição) de cada nota do melisma. De outra forma seus melismas ficarão indefinidos a ponto de parecerem “glissandos”, ou seja, apenas uma passagem ascendente ou descendente uniforme de som sem nota definida (mais conhecida pelos guitarristas pela expressão “slide”). Exercícios de respiração com o uso da musculatura intercostal também são fundamentais para o controle correto da respiração e emissão vocal.

Agudos: Falsetto, Belting

e Head-voice


Belting

Canto belting - ou “rock style” - é o famoso canto americano à la Broadway. Nele a laringe se contrái e as pregas vocais também ficam tencionadas, o que produz um canto vigoroso, com bastante emissão vocal e brilho. O belting é quase totalmente realizado com emissão de peito (torácica), no que chamamos de “voz plena” (ou seja, sem falsete ou head-voice).

A voz de peito é predominantemente de caráter masculino, enquanto que a voz de cabeça (head-voice) é de abrangência feminina. O que não significa que homens não consigam atingir a voz de cabeça, e nem que as mulheres não registrem voz de peito.
Na voz cantada até os “baixos” (os mais graves do gênero masculino) alcançam voz de cabeça em seus tons mais agudos e, os “barítonos” e “tenores” o fazem com mais facilidade, por serem, naturalmente, menos graves.

As “sopranos” (as mais agudas do gênero feminino) também chegam à voz de peito se trabalhar nos extremos de seus tons mais graves.
As “mezzo-sopranos” e as “contraltos” atingem-os com maior facilidade.

Como todos os tipos de vozes têm notas graves, médias e agudas, devemos sempre fazer estas considerações: Na emissão de peito sentimos a vibração sonora no tórax (colocando a mão no peito você poderá sentir facilmente), enquanto que na voz de cabeça sentimos a ressonância em sua caixa craniana. As pessoas que não estão acostumadas ou condicionadas à voz de cabeça (tons agudos) podem sentir uma leve tontura, e até mesmo dor de cabeça.

No belting é imprescindível uma posição de laringe ligeiramente ELEVADA (ao contrário do canto lírico, onde a laringe é geralmente mais baixa), grande espaço faríngeo (assim como no canto lírico) e a língua também ligeiramente ELEVADA (ocasionando os “ii” característicos dos “belters”), um grande apoio respiratório e ancoragem.
Ancoragem” significa uma grande atividade específica dos músculos extrínsecos da laringe, do pescoço e torso, atenuando o esforço das pregas vocais.
Outros aspectos importantes são a constrição ariepiglótica (isto é, a aproximação entre epiglote e aritenóides) e a fase de fechamento da glote mais LONGA do que no canto lírico, gerando em conseqüência uma maior intensidade vocal. Deve haver, também, maior pressão aérea subglótica, e alguns defendem que a respiração muito baixa é contra-indicada por induzir à depressão da cartilagem laríngea (bastante prejudicial á voz).

Tudo isso gera, obviamente, modificações importantes no trato vocal, ou seja, na ressonância/qualidade da voz.

Head voice

No canto lírico, o que não for modal (voz de peito) e cair no agudo serão ou falsete, ou voz de cabeça. Tanto o falsete quanto a “voz de cabeça” (head voice) podem se enquadrar na mesma categoria, entretanto, o termo "voz de cabeça" (usado para homens no canto lírico) é quando a ressonância da voz praticamente desaparece do tórax (característico da voz de peito comum) por ter sido propositadamente direcionada para a caixa craniana do intérprete.

Basicamente é uma “voz mista” com harmônico, ou seja, sempre que você cortar a emissão de peito sem falsete (“quebra de voz”) você irá para a ressonância “de cabeça”.


Diferente do falsete, na voz de cabeça a laringe se contrái, e as pregas vocais ficam ao mesmo tempo abertas e relaxadas. Isso ocorre rápido, e esse reajuste (passagio) é bastante complexo, e exige treino e atenção. O som que se emite nessa transição é uma “voz mista”, ou seja, a voz soa bastante aguda como em falsete, mas com muita emissão como no registro pleno de peito. Por isso é tão confortável cantar nesse registro quando devidamente colocada a voz.

A voz de cabeça é uma técnica fundamental, visto que sem ela você perderá quase uma oitava de sua tessitura vocal.

O canto parte da voz modal (excluindo o registro basal – conhecido como “fry”) do grave, e vai tencionando enquanto se sobe o tom.

Quando passamos pelo Dó central (do3) a passagem ocorre ou irá ocorrer (depende do naipe de voz do artista). No ponto exato antes da passagem as pregas vocais estão tencionadas, e a laringe aberta.



Apogiatura

Pequena nota escrita rapidamente antes de outra (a nota principal) e cuja execução é feita à custa do tempo da nota principal ao qual está ligada. É praticamente uma “nota fantasma”, por ser uma nota muito breve usada apenas de passagem. Geralmente é uma nota um tom, ou meio-tom acima.



8 comentários:

Saides LaMarca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Ei, dá pra traduzir pra o português agora...??? Meu Deus!!! Eu achava que era algo meio que possível de entender... kkkkkkkkkkkkkkkk!!! Brincadeirinha maninho... muito técnico e específico, e totalmente novo pra mim, mas deu pra captar muita coisa!!! Obrigada pela persistência!!! :p

Saides LaMarca disse...

Ahnn... preciso dar uma revisada neste texto, reli e vi q tem muita tecnicidade oca, vou dar uma simplificada e coesão, a parte mesmo do vibrato laringeo e da "misteriosa" voz de cabeça podem e devem ser melhor explicados.

Thiago Vieira disse...

eu gostaria de saber se estas tecnicas descritas em seu post são respectivas ao canto lirico ou ao canto normal? e pra quem canta o genero gospel e melhor recorrer ao estudo lirico? por ter mais tecnicas

Thiago Vieira disse...

eu gostaria de saber se estas tecnicas descritas em seu post são respectivas ao canto lirico ou ao canto normal? e pra quem canta o genero gospel e melhor recorrer ao estudo lirico? por ter mais tecnicas

Saides LaMarca disse...

Thiago, respondendo a sua pergunta, algumas técnicas são do canto lírico, e outras não. Técnicas como "belting", por exemplo, são típicas do canto "broadway" ("Os Miseráveis", "Cats", etc etc)... Quanto ao canto gospel, ou lírico, na verdade "lirismo" defini-se como o desenvolvimento metódico e tecnicista de algo, ou seja, você pode (e deve) sim, estudar canto gospel de forma lírica. abraço!

Saides LaMarca disse...

*define-se (que erro grosseiro que eu cometi!)

Unknown disse...

Bem complexo, queria saber mais sobre o canto gospel.
Amei...
Obrigada por compartilhar