Páginas

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

JESUS REALMENTE EXISTIU?




Escrito por Herácides Gimenez

    Fui batizado como católico no dia de meu nascimento, e passei a minha infância estudando em um colégio particular em São Paulo, onde até algumas faxineiras e cozinheiras eram freiras. Uma de minhas lembranças mais fortes de essa época era a sensação etérea, sublime, de respeito e humildade tão forte no ar que me fazia bem, quando íamos com algumas delas rezar na capela da escola. Era um silêncio estranho. Um silêncio vivo e mágico. Eu só não gostava de olhar para uma estátua - em um tamanho proporcional á estatura média de um ser humano adulto - de Jesus, deitado, todo coberto de sangue e ferimentos, como se tivesse sido há pouco retirado de sua cruz. Sentia medo.

    Quando me tornei um adolescente, já fazia muitos anos que eu não estudava mais em aquele colégio católico, e como meus pais nunca foram “praticantes”, eu nunca mais fui á igreja. Aliás, não me lembro de ter ido assistir a alguma missa com os meus pais. Eu até arriscaria o palpite de que nenhum deles foi alguma vez por vontade própria assistir a alguma missa católica.

    Eu e minha irmã, também, acabamos por perder o estímulo religioso que havíamos adquirido com os ensinamentos daquelas bondosas mulheres. Acho que se tivéssemos continuado a estudar com as freiras até chegarmos à nossa adolescência, com certeza nosso caráter teria sido muito mais moldado sob os princípios morais cristãos. O afastamento de as freiras (e, conseqüentemente, da igreja), acabou por desfocar totalmente a minha atenção e fé em Jesus.

    E então, conseqüentemente, li dezenas de ensaios de ateus (e até mesmo de “católicos não-praticantes”) que falavam tão ferozmente com relação ao “império financeiro do Vaticano” e sobre as atrocidades cometidas pelo “Santo Ofício” contra os judeus e as mulheres, que por fim não só fiquei totalmente cético com relação ao cristianismo, mas quase (por muito pouco) não me tornei um anti-cristianismo. Nietzsche, com toda a sua fúria desmesurada contra a igreja, foi um deles.

    E digo mais: acho que eu só não me tornei ateu, pela educação religiosa que recebi em minha infância, e que com certeza está junto com os principais alicerces de minha índole e de meus valores, ou seja, fui educado na infância para ser um cristão, e meu caráter foi moldado indelevelmente sob tais princípios. Fazem parte da minha personalidade, de meu intelecto, tais valores. Ou seja, por mais que eu encontrava tantos argumentos céticos e difamadores do cristianismo, bem lá no fundo de minh`alma eu mantive uma centelha (que durante muito tempo pra mim era aparentemente inexistente) de a fé cristã.

    Sobre os argumentos difamadores que me afastaram da igreja, tratam-se de duas coisas, principalmente: Primeiro, o erro da contagem do ano cristão estabelecido por um anão russo chamado Dionísio Exíguo (ou “Denys”, de acordo com outras fontes...). Dionísio, em meados de 530, errou o nascimento do Cristo Jesus por cinco anos (esqueceu-se dos quatro anos em que Augusto reinou com o nome de Otávio, e do ano zero entre 1 a.C e 1d.C.)  e ninguém consertou até hoje; e segundo – e principalmente - a não-autenticidade do Novo Testamento.

    Através de um livro denominado “Pequena História Sobre a Igreja”, tomei ciência de alguns dados que me fizeram repensar sobre o catolicismo. Como ainda não pude confirmar as informações que obtive, comparando-as com outras fontes (passei a tarde de ontem pesquisando na web sobre isso, sem obter dados similares consistentes... A maioria das informações relacionadas á religião são parciais, tendenciosas e cegas), deixo aqui registrado, também, o conselho para que o leitor não acate tais dados que aqui apresento como cem por cento confiáveis (afinal de contas, não é por que está em algum livro que se tornará automaticamente incontestável)... Bem, vamos a eles, de qualquer forma:

    De acordo com o que li, dos vinte e sete capítulos do Novo Testamento, apenas sete são autênticos. Ou seja, capítulos que foram “assinados” por Mateus, Marcos, Lucas, João, Tiago, Pedro e Judas (o irmão de Tiago, não Judas Iscariotes) foram escritos entre o ano setenta e o ano cento e trinta d.C., e não por eles (óbvio, pelo período), mas por outros anônimos cristãos “bem-intencionados”. Dá um total de vinte capítulos inverossímeis, contra sete. Será possível que essa seja a verdade? Se for, de as trezentas páginas do Novo Testamento, menos de vinte por cento delas são legítimas. Assim como o Velho Testamento, que só fora traduzida do hebraico para o grego trezentos anos a.C. (a pedido de Ptolomeu II), e cujos únicos livros que eu soube serem historicamente autênticos seriam os de Josué, Isaías, Samuel (não sei dizer se apenas um deles, ou os dois) e o Êxodo. Isso de acordo com as “Cartas de Laquis”.

    Mas, o que eu quero dizer com “legítimo”, e quais são os capítulos “verdadeiros”? Bom, com “legítimo” eu me refiro às cartas que foram escritas a punho (ou ditadas) pela própria pessoa que supostamente “assina” o documento. O que, de acordo com os tais dados, nos revela uma verdade surpreendente: Apenas as Epístolas escritas por São Paulo (ou “Paulo de Tarso”) são historicamente autênticas. O restante é literalmente apócrifo.

    “Teríamos sentido com muito mais dor esse ato da falsificação da história, se milênios de interpretação eclesiástica da história não nos tivessem tornado quase apáticos a respeito das exigências de integridade dos historiadores...”, dizia-nos Nietzsche, “confesso que li poucos livros que apresentem tantas dificuldades quanto os evangelhos.”

    Mas - por mais paradoxal que isso pareça - a partir do momento em que eu soube de estas informações, minha fé pelo cristianismo se renovou. Simples: apesar de estar ciente de que quase tudo foi montado sabe-se lá por quem (creio que o Vaticano sabe quem foram eles...), ao mesmo tempo eu finalmente pude saber que pelo menos uma parte do “Sagrado Livro” foi escrito por alguém que conviveu lado-a-lado com Pedro, Tiago e até mesmo com o próprio “Messias”. Digo-lhe que fiquei surpreendido ao ler as Epístolas aos Coríntios. Chega a ser gritante a diferença estilística de esta carta, em comparação ás outras. É muito mais humana, muito mais espontânea. Apesar de os escritos dizerem que a Epístola aos Romanos também se trata de uma de as cartas autênticas, Coríntios I é de longe (antropologicamente falando) mais convincente, talvez por ter muito menos d`aquele tom profético, missionário, dogmático e impessoal de um sermão, e tratar do amor cristão de uma forma muito mais direcionada, ou seja, Paulo conversa com seus discípulos (os primeiros cristãos) de uma forma comoventemente amena e íntima, instruindo-lhes serenamente sobre condutas sociais, valores morais, etc, e inclusive tratando-os com muito carinho, e até mesmo por seus respectivos nomes.

    Apesar de os dados “deixarem claro” que apenas os manuscritos de Paulo tratarem-se de documentos comprovadamente verossímeis (preciso verificar mais a fundo essa “comprovação” arqueológica), nem todos eles o são. Pelo livro supracitado, são os que seguem: Romanos (que eu, particularmente, suspeito que o seja), Coríntios I e II, Tessalonicenses (apenas o primeiro, o segundo teria sido escrito pelo menos quarenta anos depois da morte do Cristo), Gálatas (Gl), Filemom (Fm), e um último que – por um erro de digitação, eu suponho – não consegui descobrir qual seria, por estar assinalado apenas com a sigla “Fl” (que não existe no Novo Testamento). Suponho que pode se tratar, ou de Filipenses (Fp), ou de Colossenses (Cl). Sete.

    Paulo (pelo seu testemunho) não só conheceu pessoalmente a certo Jeoshua (que curava pessoas enfermas com um simples toque e - pelo que diziam os boatos na época – chegou mesmo a ressuscitar a certo homem chamado Lázaro), como afirma veementemente que O viu (e falou com Ele) depois que O massacraram injustamente e O assassinaram. Ou seja, Paulo nos dá a sua palavra que falou com O Cristo depois que O mataram. Jeoshua morreu e ressuscitou.

     Detalhe: Paulo continuou afirmando essas verdades mesmo depois de os judeus o terem flagelado com trinta e nove chicotadas. Deram-lhe trinta e nove, especificamente, para não quebrarem a “Lei de Moisés”. Espancaram-no novamente com os trinta e nove flagelos em mais quatro ocasiões. Paulo continuou pregando. Pelos romanos, Paulo fora recebido por três vezes com uma feroz surra de porretes. Paulo continuou pregando. Fora apedrejado por uma multidão. Ainda assim, continuou. Como poderia esse homem suportar tanto sofrimento e ter a coragem de continuar? Será que a sua coragem nasceu depois de vê-Lo dependurado, e sem nada poder fazer?

     Pelo testemunho da época, Jeoshua foi martelado em a cruz ás nove horas da manhã. Ficou agonizando, dependurado, até as três horas da tarde. Um cruel suplício de seis horas. “... Quando perco toda a minha força, então tenho a força do Cristo em mim.” Tiago, o apóstolo e irmão de sangue de Jeoshua, foi apedrejado até a morte em o ano 68. Mas qual seria a razão de toda essa violência? Todos sabiam que os cristãos eram pacíficos por essência, que jamais revidariam fisicamente e, mesmo assim, todos os massacravam impune, impiedosa e sadicamente... Para mim, agredir violentamente a um ser que não se defende é o extremo da covardia.



“Esse santo anarquista que instigou a classe social mais pobre, os rejeitados e os’pecadores’ (e com discursos - caso os evangelhos mereçam crédito - que até mesmo nos dias atuais levariam um homem á prisão) era um criminoso político; se é que criminoso político seja possível em uma sociedade absurdamente apolítica, como o era Jerusalém. Isso levou-o à cruz: e a prova disso é a própria inscrição na cruz.”
Friedrich Nietzsche, “Der Antichrist”


    Em o final de a Primeira Guerra Mundial, em 1916, um piloto russo chamado Vladimir Roskovitsky avistou “um longo ataúde de madeira escura” sobre o monte Ararat. A missão científica que foi enviada ao local examinou os destroços, e concluiu terem pertencido a “um barco muito antigo, de enormes proporções”. Um gigantesco barco no cume de uma montanha?... Seria uma “Arca”?

    Arqueólogos encontraram uma placa que – suponho que analisada pelas radiações do Carbono 14 – data do período aproximado da terceira década do ano cristão. A placa diz “Prefeito Pôncio Pilatos”. De acordo com alguns arqueólogos, Pilatos morreu no ano 36. Oito anos depois de Jeoshua.


“Durante esse tempo, as pessoas das igrejas da Judéia não me conheciam pessoalmente. Elas somente tinham ouvido o que os outros diziam sobre mim: ‘Aquele que antes nos perseguia está anunciando agora a fé que no passado tentava destruir!’ E louvavam a Deus por minha causa.”
Paulo de Tarso, Gl - 1: 22-24.


     Quem quiser se aprofundar em os detalhes arqueológicos sobre a bíblia deverá procurar os escritos de um amigo do arqueólogo Prof. Garstang, chamado Sir Charles Marston, além de reportagens de Jean Carmignac, a obra de John Montgomery, pesquisas de Leonard Woolley e Stephen Langdon, e os estudos de John Allegro (para mim, indignos de fé pelos excessos e romantizações). Muitas das estimativas de as datas aproximadas devem-se aos escaravelhos reais egípcios (os sinetes de Kephri) que eram freqüentemente encontrados em as escavações. De grande importância, eu também sugiro estudos sobre as “Cartas de Laquis”, e também sobre os “Manuscritos das Onze Grutas de Qumrân” (a ruína dos vigilantes ao Luar...). Neles foram encontrados manuscritos em grego dos livros de Isaías, Samuel e Êxodo. Para quem quiser fazer pesquisas por si mesmo, comece comparando o “Hino a Aton” da XIIX Dinastia egípcia com o Salmo 104, e a “Instrução de Amen-em-Opet” do Império Novo egípcio com o Livro dos Provérbios.

    E um último conselho: Muita cautela com as informações que se encontram na web. A “International Network” (ou “World Wide Web”) é uma faca de dois gumes, ou gotas de verdade em meio a um oceano de mentiras. Se expus estas informações em meu livro é porque julguei de interesse - para mim, para o leitor cristão, e quem mais estiver interessado - pelo menos o “abordar” do assunto. Se estas informações estiverem erradas, peço-lhes perdão antecipadamente, e afirmo-lhes que a minha intenção é meramente a de principiar algo, que poderá ser futuramente continuado – e (porque não?) consertado - por outros. Aliás, eu mesmo farei as devidas correções sobre eventuais informações erradas nas próximas edições. Errare, humanu est.

    Oh, sim, um último detalhe. Dois fatores são essenciais para compreendermos a dificuldade de uma comprovação histórica cientificamente incontestável: Primeiro, a probabilidade mínima de papiros e demais manuscritos de couro ou papel - e demais substâncias frágeis - manterem-se em bom estado (ou ao menos legíveis) depois de tanto tempo enfrentando centenas de fenômenos naturais (vicissitudes como enchentes, tempestades, terremotos, etc...), pragas como traças, baratas e ratos (cuja voracidade cruel com o papel eu mesmo presenciei em minha própria biblioteca, desafortunadamente), incêndios, guerras ou até mesmo – no melhor de os casos – o relez e impiedoso desgaste natural do tempo. Segundo, a triste realidade do princípio de a imprensa: Antes de haver sido inventado pelo homem a impressão em grande escala, livros eram artefatos artesanais feitos um a um por escribas pendolistas, caríssimos e feitos apenas sob encomendas de pessoas nobres e abastadas. Com isso, inevitavelmente começaram a surgir as falsificações, e era muito difícil, também, impedir-se quaisquer eventuais adulterações do texto original, intencionalmente ou por mero indomínio do outro idioma pelo suposto “tradutor”.

    Os faraós egípcios e os reis de Pérgamo rivalizavam entre si por nutrir suas bibliotecas - na medida do possível – com manuscritos originais, e devido justamente a isso foram enganados com muita freqüência. Ptolomeu Filadelfo também ajudou a disseminar a praga de a falsificação quando começou a pagar grandes fortunas pelas obras de Aristóteles; com isso, tratados filosóficos de muitos escritores anônimos foram assinados com o nome do ilustre filósofo. E, acima de tudo, a óbvia escassez de exemplares (originais ou falsos) devido á dificuldade em sua confecção, que era artesanal.    
 
    A biblioteca de Alexandria, por exemplo, fora incendiada três vezes: primeiramente no século I a.C., e depois nos séculos IV e VII d.C. Na primeira vez, o fogo se propagou desde a esquadra egípcia que estava no porto que César incendiou. Depois d`essa atrocidade, o general romano Antônio tentou redimir o fato presenteando a rainha egípcia Cleópatra com duzentos mil rolos de papiros de Pérgamo. Em 319, egípcios cristãos que não se interessavam por livros “pagãos” incendiaram-na novamente. Foi novamente renovada e alcançou novamente seu esplendor. Até que outros árabes apareceram e a transformaram novamente em uma gigantesca fornalha. Nunca saberemos ao certo quantos tesouros do conhecimento humano antigo se perderam em meio ás guerras, e seus subseqüentes saques e vandalismos. Tudo isso é abominável.

*







“Os judeus são o povo mais fatídico da história da Terra: com sua póstuma influência causaram uma imagem tão falsa na humanidade, que até nos dias atuais o cristão sente-se anti-semita, sem ao menos perceber que ele mesmo é o resultado final do judaísmo.”

Friedrich Nietzsche, “Der Antichrist”

Um comentário:

Saides LaMarca disse...

Este foi de longe o texto mais dificil que eu ja escrevi. Tive q pesquisar em dezenas de fontes diferentes e depois peneirar o total.