OS VAMPIROS E A MÚSICA GÓTICA
Durante a década de oitenta vimos surgir um
movimento bastante peculiar que fora denominado (muito estranhamente, diga-se
de passagem) de “GÓTICO”. Digo “estranhamente” por não haver nenhuma espécie de
justificativa plausível (principalmente etimológica) para o uso de tal expressão. A palavra gótica já fora usada no passado para denominar a “arquitetura gótica”. De acordo com um alquimista chamado Fulcanelli, gótico
vem de arte gótica, que vem de arte goética (mágica) ou Art Goth, para finalmente
chegarmos á “ARGOT”.
ARGOT: LÍNGUA PARTICULAR DE INDIVÍDUOS QUE TÊM
INTERESSE EM DIVULGAR SEUS PENSAMENTOS DE FORMA VELADA, SEM SEREM COMPREENDIDOS
POR TODOS.
Com relação ao estilo musical
propriamente dito (que é o tema deste ensaio) esta suposta definição não é
exata. Para a arquitetura, sim. Com “música gótica”, ou movimento gótico, o que
tivemos foi uma climatização, uma ambientação do romântico melancólico e
sombrio. Nessa arte “Noir”, a Lua é
mais bela que o Sol, a noite mais romântica que o dia, e os homens são vampiros
urbanos sem caninos afiados. A melancolia é mais poética que a alegria.
O mito do vampiro é tão
atraente para o grande público, pois em ele o ser humano vê espelhado a sua
própria fome de viver. O vampiro seduz com o seu próprio lado sombrio, é
justamente o seu ar ameaçador e imprevisível que cativa – e fascina - a sua
vítima.
E entre os jovens da década
de oitenta, muitos se identificaram com esse clima sombrio, com essa sedução
dark.
Aparentemente, na música tudo
parece ter começado – involuntariamente – com o senhor David Bowie, e após ele uma avalanche de bandas (principalmente
inglesas) começou a aparecer. A principal delas foi o Bauhaus.
O Bauhaus fora talvez a banda que mais usou dessa roupagem e climatização
do mito do vampiro, apesar de em entrevistas seu vocalista Peter Murphy ter afirmado de que era tudo cênico, nada mais do que
apenas uma representação artística. Pode ser.
Principais bandas (talvez,
necessariamente nessa ordem):
David Bowie , Bauhaus, Joy
Division, Nick Cave, The Cure, Depeche Mode.
E, mais recentemente, a nova
geração:
Interpol, She Wants Revenge, e algumas canções de Radiohead e Morphine.
A seguir farei uma lista das
canções mais representativas do "movimento", que bem podem servir como uma espécie de histórico
da música “gótica”. Serão incluídas nessa lista músicas mais recentes que
mantiveram a mesma climatização (aliás, muita gente vai pensar que muitas
dessas bandas estão erroneamente classificadas como góticas, como o "Radiohead".
Talvez realmente estejam, o que foi levado em consideração foram determinadas
canções, especificamente).
Vista a sua mais bela roupa preta, apague as luzes,
acenda as velas, abra sua garrafa de vinho, contemple a Lua e relaxe.
DAVID BOWIE:
As The World Falls Down, Life on Mars, Ashes to Ashes, 5.15 the Angels
have Gone, No Control, Untitled Nº1, I Would be your Slave, Sunday, Thursday`s Child, Nite Flights.
BAUHAUS:
Bela Lugosi is Dead, Spirits, In The Flat Field, God In an Alcove,
Stigmata Martyr, Adrenaline, Black Stone Heart, Too Much 21st Century, Third uncle, Silent Edges, Spy in the Cab.
JOY DIVISION:
Heart and Soul, Decades, Passover, Means to an End, Disorder.
NICK CAVE:
Do You Love me, Red Right Hand, Bring it On.
THE CURE:
Charlotte Sometimes, A Forest, One Hundred Years, The Hanging Garden.
DEPECHE MODE:
Enjoy the Silence, Barrel of a Gun, I Feel You, Walking in my Shoes.
MORPHINE:
I Know You (part III), Whisper, French Fries w. Pepper, I had my Chance,
Empty Box, Hanging on a Courtain, Let's take a Trip Together.
INTERPOL:
Hands Away, Leif Erikson, NYC, Pioneer to The Falls, Rest My Chemistry,
Song Seven, Specialist, Stella was a Diver and she was always down.
SHE WANTS REVENGE:
Monologue, Sister, These Things, Us, Red Flags and Long Nights.
RADIOHEAD:
All I Need, No Surprises, Karma Police, My Iron Lung, Subterranean
Homesick Alien, Optimistic, Pyramid Song.
ALÉM DISSO, TEMOS TAMBÉM
CANÇÕES ESPARSAS DE GRUPOS DIVERSOS:
Soft Cell com “Torch”, Culture
Club com “The Crying Game”, The
Smiths com “How Soon Is Now?”, Marc Clayton com “Again”, U2 (!) com “Love is Blindness”, Ozzy (!!) com “No More Tears”, Soundgarden
(!!!) com “Black Hole Sun”, Alice in
Chains com “Down in the Hole”, Chris
Cornell com “Steel Rain” (excelente canção), e Beck
com “Lonesome Tears”.
*
(No próximo ensaio falarei
sobre o PUNK ROCK, SUAS PRINCIPAIS BANDAS E SUAS PRINCIPAIS MÚSICAS.)
Um comentário:
Não necessariamente no aspecto gótico, mas duas músicas que eu acho mais sombrias de uma banda nada sombria são: The Weapon e Witch Hunt do Rush. Mais além, elas formam uma quadrilogia, chamada "Fear" com outras duas músicas (The Enemy Whitin e Freeze).
A ordem das músicas é: -The Enemy Whitin (1984); -The Weapon (1982); -Witch Hunt (1981) e -Freeze (2002)
https://www.youtube.com/watch?v=Y6-ViPrEeFk&list=PL5E6D404568102A1D
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