Pequena
Semiótica sobre o Facebook
Eu poderia ter escrito um texto muito maior do que este que eu escrevi agora.
Poderia ter escrito dezenas de páginas, e poderia tê-lo deixado muito mais
complexo, inserindo jargões, analogias rebuscadas e etc etc etc mas não, não é
isso o que eu quero, pois a minha real intenção é a de que este texto seja
lido, principalmente, pelos idiotas.
Por favor, não me interpretem mal, não estou dizendo “idiota” com nenhuma
intenção depreciativa, não quero ofender e nem atacar a ninguém em particular,
digo “idiota” pelo seu sentido pleno, por seu real significado. Da mesma forma
que chamar a um analfabeto de “ignorante” não é necessariamente insultá-lo e,
sim, defini-lo. Pois bem.
A minoria dominante sabe muito bem o que vende. A minoria dominante é culta, e
obviamente não consome o que ela mesma produz. Ela sabe muito bem o que tem
valor e o que não tem valor algum, entre as coisas que ela mesma produz e vende
para a grande maioria passiva e consumista. Nossa sociedade já está estagnada,
consumada, pois quem está “em cima” já possui poder financeiro o suficiente
para não temer cair.
Mas... O que
é o “Facebook”?
Não perderei tempo - nem o meu e nem o de meu leitor - com enxertos do
Wikipédia sobre a origem, fundação, história e desenvolvimento d`esta empresa
porque sei que isso só ajudaria a desviar o raciocínio de os idiotas sobre o
que eu realmente quero fazer, que é pensarmos seriamente sobre este tema. E o
que eu quero é que seja feito um raciocínio atento dentro da mente de cada um
que neste momento estiver lendo estas linhas, sobre “de quê se trata o
Facebook”, e o que ele gerou, gera, e gerará no inconsciente coletivo da
maioria, ou como eu já disse anteriormente, dos idiotas.
O Facebook é um inconsciente coletivo virtual. Ele apela para os pontos mais
fracos do ser humano comum, que são a vaidade, o desejo de aceitação e o
status. Nele as pessoas descrevem seu cotidiano através de fotos e frases
esparsas que vão, pouco a pouco, demonstrando aos outros "contatos" como ela quer ser vista pelos
demais... E não, necessariamente, como ela realmente é.
Não é difícil percebermos as fraquezas humanas n`esses detalhes esparsos. As
pessoas quase sempre estão a falar de si mesmas, de suas coisas, seus
filhos, seu parceiro, seu carro e sua casa... Querem afirmar ao mundo, e a si mesmas, que a vida
delas é "especial”. Única. Que não são somente “mais um”. Acabam,
inevitavelmente, fazendo parte de um imenso grupo de “iguais” que pensa
exatamente da mesma forma.
O Facebook é um reality show mundial. Nele todos se sentem como
pseudo-celebridades, pois sabem que estão sendo vistas por centenas, ou talvez
milhares de pessoas, e sabem que estão sendo expostas para pessoas que elas
mesmas nem podem imaginar quem seja. Da mesma forma como as celebridades que
elas veneram em a televisão, no rádio, e no cinema.
O Facebook faz a pessoa sentir que a sua vida é especial, pois ela tem uma
história só dela, diariamente acontecem coisas diferentes com ela em sua
interação inevitável com o mundo, e esses acontecimentos gerados
inevitavelmente por essa interação acabam por reafirmar constantemente dentro
de cada uma delas essa sua individualidade. Até mesmo os reveses, as desgraças,
como falecimentos de amigos e/ou parentes, ou qualquer outro acontecimento desagradável
são utilizados (muitas vezes de forma inconsciente) pelas pessoas pra se
expressarem ao seu grupo e para se sentirem especiais.
Mais ainda, o Facebook nos passa uma sensação ilusória de liberdade de
expressão e de uma pseudo-revolução virtual, entretanto, essa extrema
facilidade do protesto é justamente o que descredibiliza (e inevitavelmente
neutraliza) a eficiência de qualquer tipo de “revolução”. No Facebook as
revoluções são declamadas aos borbotões, mas se extinguem momentos depois,
trocadas fria e simplesmente pelo próximo “post”. São fogos de palha, onde
pessoas comuns insultam suas “autoridades” sem o menor pudor ou temor, e nada
acontece de represália, pois isso nada gerou. Apenas a afirmação da banalização
do protesto gerada pela avalanche histérica dos internautas.
"O poder manipula as massas”. O que é “o poder”? Apenas uma palavra
abstrata que não acusa ninguém em particular. Uma palavra inútil, morta. Como
dizer que “os políticos são ladrões”. Ninguém foi acusado. Que as empresas de
telefonia “roubam impunemente” seus próprios consumidores. Ninguém está sendo
acusado especificamente e ninguém, da mesma forma, será julgado e pagará pelo
crime.
Quando dizemos que “o Facebook está manipulando as massas”, a quem estamos
denunciando? A um logotipo? Ao seu fundador? Quando dizemos que “Os Estados
Unidos dominam e espionam o mundo”, a quem estamos nos referindo? Á uma
bandeira vermelha, branca e azul com estrelas desenhadas? Ao presidente do país
citado? E o que muda a partir do momento em que sabemos dessa situação e
declaramos com todas as letras “NÓS ESTAMOS SENDO MANIPULADOS”? Absolutamente
nada.
Quando o protesto era violentamente reprimido no período da ditadura militar
ele realmente gerava resultado, porque da violência com que ele era combatido
ficava-se explícita a sua autenticidade. O que vemos agora é que qualquer pessoa,
mas qualquer pessoa mesmo, pode declamar em público qualquer espécie de
impropério para o próprio presidente da república no conforto de sua própria
casa, bem protegido atrás do teclado de seu computador, que nada de mal
acontecerá com ele. E nem com o alvo de seu protesto.
Palavras de guerra, de
revolução, gritos de indignação, viraram apenas tiros na água. São rapidamente
substituídos pelo “post” seguinte.
E, ao mesmo
tempo, as pessoas estão ficando cada vez mais confiantes e confortáveis, e já
estão quase se esquecendo completamente de que
“TUDO O QUE
VOCÊ DISSER PODERÁ SER USADO CONTRA VOCÊ”.
*
Um comentário:
Eu concordo com a parte que diz: Tudo que você disser poderá ser usado contra você!!, neste texto... desculpe mano...
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